Somente na Região do Café, em cada hectare de terra destinado a bovinocultura leiteira, foram produzidos em média mais de dois mil litros de leite por dia
Com o início da pandemia, o valor do litro de leite assustou produtores rurais em todo o estado de Rondônia. Em março de 2020, caiu pela metade o valor pago por cada litro de leite. Isso desanimou muitos leiteiros na Região do Café. O número de propriedades acompanhadas pela Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), com atividade leiteira, reduziu de 1.045 em 2019, para 987 em 2020.
O cenário começou a mudar ainda em maio do ano passado e, hoje, o valor pago pelo litro de leite tem animado cada vez mais os produtores dos municípios de Cacoal, Pimenta Bueno, São Felipe, Primavera de Rondônia e Espigão D’Oeste, incluindo o distrito de Pacarana.
Para se ter uma ideia, levando-se em conta a venda de bezerros e o descarte de animais que se tornam inaptos para a atividade, a bovinocultura leiteira movimentou mais de R$ 54 milhões em 2020. Isso apenas entre as propriedades acompanhadas pela Emater na Região do Café, também chamada de Território Rio Machado. Um aumento de praticamente 30% em relação ao ano anterior, quando a atividade movimentou aproximadamente R$ 37 milhões.
“Na nossa visão, pelos números que a gente tem acompanhado, essa alta no preço, tanto da venda de bezerros quanto da comercialização com os laticínios, aumentou a margem de lucro dos produtores. Isso levando em consideração o aumento nos custos para produzir leite, gastos com medicamentos, sal mineral, produtos de limpeza de ordenha, energia elétrica, tudo tem inflacionado um pouco, o preço do leite inflacionou mais. Então, proporcionalmente, o produtor aumentou a margem de lucro dele”, explicou o gerente da Emater, Samuel Borges.
Nos últimos meses, outro número que aumentou foi a produtividade das vacas em lactação. Em 2019, 13.243 vacas produziram em média 5,63 litros de leite por dia cada. Em 2020, a produtividade das 11.713 vacas cadastradas chegou a 5,80 litros de leite diariamente. Em São Felipe D’Oeste, a média geral da produtividade dos animais foi ainda maior, chegando a 7,56 litros por dia. Na Região do Café, ao longo de 2020, em cada hectare de terra destinado à atividade leiteira foram produzidos por dia 2.119 litros de leite em média.
Um exemplo é o Projeto de Consultoria Técnica e Gerencial para o Produtor Rural da Pecuária Leiteira (Consultec-Leite) que visa, além de incentivar inovações com transferência de tecnologia e aplicação de práticas modernas, agregar valor ao produto e ampliar o acesso a novos mercados de forma sustentável.
Edelson da Silva Alves é produtor rural em Espigão D’Oeste, e há cerca de 10 anos se dedica à atividade leiteira. Em sua propriedade, possui 13 vacas leiteiras que chegam a produzir até 17 litros de leite por dia, cada. No mês de janeiro, o produtor, conta que foram produzidos mais de sete mil litros de leite em sua propriedade. “Estou muito satisfeito e a expectativa é que este ano vai melhorar ainda mais, apesar das dificuldades. A média diária de produção já chegou a 17 litros de leite, mas agora o pasto está bastante encharcado, então por isso teve uma queda na produtividade. Tenho seguido as orientações da equipe da Emater, da Seagri e dos outros órgãos e tenho buscado investir nesta atividade, colocar em prática o que aprendi, para melhorar ainda mais”, destacou.
Conforme explicou o gerente regional da Emater na Região do Café, anteriormente, no período da seca, a produção de leite caía, pois os animais não contavam com uma alimentação adequada, mas com a introdução do capiaçu, pelo Governo de Rondônia, o produtor agora conta com um capim de boa qualidade, que atende as necessidades nutricionais dos animais, e garante a boa produção.