Rede Amazônica: muito mais que uma notícia

A combinação de negócios em diversas áreas, mas sobretudo nas de rádio, televisão e internet, fez da iniciativa de três amigos em fins década de 60 – Phelippe Daou, Milton Magalhães Cordeiro e Joaquim Margarido um dos maiores grupos de comunicação do País.

O Grupo Rede Amazônica, localizado na cidade de Manaus e, com atuação em 6 Estados da região norte do Brasil, na assim chamada região amazônica, completa 48 anos de vida, demonstrando, não só sua maturidade empresarial, mas também sua capacidade de sobreviver as inquietudes dos tempos sem ceder ao pessimismo.

A combinação de negócios em diversas áreas, mas sobretudo nas de rádio, televisão e internet, fez da iniciativa de três amigos em fins década de 60 – Phelippe Daou, Milton Magalhães Cordeiro e Joaquim Margarido –, um dos maiores grupos de comunicação do País.Quiçá o trio não tivesse muito claro o que viria a ser o grupo em termos econômicos, mas desde a origem havia clareza da missão típica daqueles que fazem do seu ofício profissional de jornalismo uma missão a serviço da sociedade.

Provavelmente, quem acessa alguns dos canais do Grupo Rede Amazônica, não lhe ocorra perguntar:o que move a direção do Grupo, depois de tantos anos de funcionamento, a manterem os seus negócios? Quais são as motivações pessoais e compromissos assumidos, destes que levam “ao ar” as mais diversas notícias do Brasil e do mundo para a região amazônica e, desta, para o mundo? Com qual propósito o fazem isso? Entre tantas e tantas outras perguntas possíveis.

Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia, da prestigiosa Universidade de Chicago, berço das teorias liberais e do livre comércio, dizia nos anos 70 que “a única responsabilidade social das empresas é dar lucro”.

Sem dúvida, o lucro é uma medida saudável dos negócios e, “Deus nos livre” de um negócio que não venha a dar lucros. Mas isso basta? Isso basta para explicar o motivo de “pôr no ar” todos os dias a Rede Amazônica?

Vejamos: uma empresa lucrativa é motivo de muita alegria para a sociedade na qual está inserida, ainda mais quando carrega o peso da tradição familiar ou cultural de uma cidade. Os seus lucros permitem gerar e manter empregos e renda. Por meio do pagamento dos seus impostos, contribui para a construção do “bem comum” via ações governamentais, ainda que podemos questionar a qualidade desse retorno a sociedade. Cria capacidade de investimentos – públicos e privados –em inovações que transformarão o funcionamento de nossa economia e sociedade entre muitas outras questões.

Numa economia digital para qual avançamos a velocidades impensáveis há cerca de uma década, qual o futuro dos negócios da assim chamada “economia real”? Qual o papel que os avanços das redes de comunicações digitais reservarão para um negócio tão tradicional quanto o Grupo Rede Amazônica? Ainda que sejam lucrativos!

Se o leitor parar e, olhar para o Grupo Rede Amazônica ou para a empresa na qual trabalha, a explicação do lucro revela a real dimensão das responsabilidades assumidas? Com absoluta certeza, a resposta é não!

Imaginem a responsabilidade de manter os empregos, por exemplo. Não estamos somente falando da folha de pagamentos. Estamos falando do sustento de famílias e de seus sonhos; da realização pessoal e profissional de milhares de pessoas e da renda para a manutenção da própria economia e muito mais. Ou seja, por meio das empresas incluímos as pessoas social e economicamente.

Ora, o que a minha empresa ou a empresa na qual trabalho irá contribuir com o bem-estar da sociedade em que vivo, no dia de hoje? O que poderei dizer aos meus filhos ao chegar, em casa à noite, sobre o meu trabalho? São perguntas que merecem um exame de consciência com valentia de qualquer profissional.

Obviamente, a maioria de nós ao ligar a TV, clicar numa página da internet ou ouvir o rádio no carro rumo ao trabalho não coloca o pensamento em que condições de riscos – humanos e materiais – os mesmos foram produzidos? Quanto de energia elétrica foi consumida para gerá-los? Quantas pessoas foram envolvidas e em quais condições de trabalho? Quanto de combustível gasto ou economizado? Quais são os custos de transmissão de dados na rede de transmissão satelitária? Ou ainda, como garantir a veracidade das informações veiculadas? Como tomar a decisão de levar ao ar uma notícia que irá entrar na vida pessoal de milhares de pessoas? Notícias que entrarão nas casas, no ambiente de trabalho e, nas mais diversas situações do cotidiano das pessoas! Enfim, uma série de decisões de caráter ético, social e econômico.

Há uma mudança no ar. As pessoas querem saber mais sobre os nossos negócios e a maneira que lidamos com assuntos sensíveis ao meio ambiente, as demandas sociais e econômicas. As pessoas querem saber quais são os nossos compromissos éticos. Querem saber o que assumimos de forma voluntária como atores empresariais na sociedade.

A Responsabilidade Social Corporativa das empresas ultrapassa o ambiente interno das mesmas – que deve ser objeto de intensos esforços para atender as expectativas e metas -; vai além, impacta na sociedade a qual estamos inseridos e nas partes interessadas (stakeholders) especificamente com os nossos negócios.

Mas a Responsabilidade Social Corporativa não se limita e, nem se confunde com uma ação social, caritativa ou filantrópica. Entendida assim, não tem futuro. Não podemos confundir o caráter voluntário, ligado ao direito de propriedade, com as demandas assumidas livremente perante a sociedade em geral e, não imposta às vezes de maneira injusta ou imoral.

“Verdade, justiça e liberdade. Isso não é negociável nunca. Nunca passe pela cabeça de vocês que serão os nossos sucessores, pessoas que vão dar vida, e quem sabe dar maior dimensão à Rede Amazônica, porque a Amazônia sem a Rede Amazônica, ela não será a grande região que todos nós desejamos.” (cf. Phelippe Daou, 2016).

Eis o caráter voluntário, que podemos extrair nas palavras proferidas por Phelippe Daou, um dos fundadores do Grupo Rede Amazônica, durante a missa por ocasião do 44º. aniversário da Rede Amazônica, ligado ao direito de propriedade, assumido livremente perante a sociedade em geral e, não imposta às vezes de maneira injusta ou imoral: a Amazônia sem a Rede Amazônica, não será a grande região que todos nós desejamos.”

A Responsabilidade Social Corporativa, assim expressa, leva em conta as consequências das ações da empresa sobre os demais e, portanto, trata de fazê-las bem, com unidade de atuação e capacidade de desenvolvimento humano e social. Não espera acontecer, faz acontecer!

Por isso, ao despertar amanhã, talvez valesse se perguntar: o que a Rede Amazônica (ou a empresa na qual trabalho) faz para tornar a região amazônica grande? E, sem perder de vista que “a felicidade consiste na realização de obras, e não no desejo ardoroso de fazê-las”.

Por Alecsandro Araujo de Souza

Membro do Conselho Consultivo do Grupo Rede Amazônica e do Conselho Curador da Fundação Rede Amazônica 


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