Zeppelin, o ônibus em formato de dirigível que encantava a Amazônia

O transporte funcionou entre as décadas de 40 e 60, nas cidades de Belém (PA), Manaus (AM) e São Luís (MA).

Chamado de Zeppelin, um tipo de ônibus que havia em algumas cidades da Amazônia chamava a atenção pelo seu formato curioso. Ele surgiu no final dos anos 40 e início dos 50. O ônibus do transporte público tinha formato de dirigível, criado no início do século XX, que revolucionou a tecnologia do transporte aéreo.

Com o mesmo nome, o dirigível aéreo foi criado pelo conde alemão Ferdinand von Zeppelin, voou pela primeira vez no dia 2 de julho de 1900, e começou a ser comercializado dez anos depois.

As carrocerias de ônibus que tinha o formato do transporte aéreo foram construídas sobre chassis de caminhões médios que tinham origem norte-americana. 

Os peculiares veículos foram idealizados por um mecânico conhecido como “Seu Osvaldino”, especialista em consertar todo tipo de problemas que tivesse em veículos norte-americanos.

O mecânico que trabalhava em Belém (PA), montou o “dirigível” sobre uma estrutura de um caminhão, que tinha a madeira revestida em chapas de aço. Batizado de ‘Dirigível Pérola’, o ônibus começou a circular em 1948 na capital paraense.

Foto: Repordução/Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA

No mesmo ano, um veículo semelhante foi criado em Manaus, no Amazonas, em uma oficina do senhor João Barata Jr. De acordo com relato de um jornal da época, “o ‘original veículo’ poderia transportar até 64 passageiros sentados, estando seu custo avaliado em 200 mil cruzeiros”. O comprimento era de 12 metros e 80 centímetros de diâmetro. 

Entrevistado pelo Jornal do Comércio, o criador disse: “O meu ‘zepelim’ não está perecido, nem um pouco, com o de Belém. Andei, para tanto, dando uns ‘driblings‘ a fim de que, no caso de ser verdadeira essa versão do registro de patente pelo comerciante paraense, eu poder provar que o ‘zepelim’ amazonense não é igual ao paraense”.

Feito de forma artesanal, os primeiros veículos tinham faróis nos para-lamas, apenas uma porta, com cortinas nas janelas, sem vidro. Eles eram pintados externamente na cor alumínio. O interior era em couro, acolchoado. Em vez de cobradores, eram “tripulados” por “aeromoças”.

Foto: Reprodução/Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA

Rapidamente o exemplar se tornou um sucesso e já no início dos anos 50 o proprietário do Pérola providenciou pelo menos mais uma carroceria de estilo semelhante, construída por outra oficina de Belém. A empresa de Viação Sul Americana, fundada no mesmo ano, comprou cinco veículos, que tinham dimensões maiores, com 13 janelas e a grade de refrigeração do motor.

O sucesso do ônibus Zeppelins foi tanto que em 1955, foi encomendado por uma pequena empresa de ônibus de Manaus. Foram produzidos cinco exemplares que eram maiores, com 17 janelas, todas com vidro de correr e podiam transportar em torno de 70 pessoas sentadas.

A empresa Viação Sul Americana que comprou inicialmente os veículos na cidade, levou quatro deles para São Luís, no Maranhão. Um dos ônibus continuou em Belém, onde circulou na cidade até metade dos anos 1960, administrado pela Viação Triunfo.

Os ônibus, apesar de serem um sucesso e venderem bastante passagens, eram problemáticos, pois, devido a sua construção eram pesados, pouco aerodinâmicos, consumiam muita gasolina e desgastavam os pneus com rapidez. Os veículos foram desativados e demolidos a partir da década de 60.

Confira outras imagens dos exemplares Zeppelin

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