Museu do Estado do Pará: 40 anos de arte, cultura e história

Localizado no centro histórico de Belém, espaço passa por avaliações para iniciar restauração integral

Quem nunca ficou totalmente compenetrado diante da tela de Antônio Parreiras “A Conquista do Amazonas”, tentando imaginar a cena? Quem também não tentou reconhecer as pessoas naquelas pinturas que retratam os interventores do Estado? Se em algum momento você vivenciou uma dessas experiências, tenha certeza que fez parte da história do Museu do Estado do Pará (MEP), que em 18 de março completou 40 anos de criação, e já está sendo preparado para uma restauração integral.

Abrigado no imponente Palácio Lauro Sodré, no bairro da Cidade Velha, centro histórico de Belém, o MEP faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e abriga um acervo rico e diversificado, incluindo pinturas, mobiliários, acessórios, fotografias e outros bens, que são verdadeiros testemunhos de diferentes épocas da história paraense.

Criado em 1981, o Museu só teve suas atividades iniciadas em 1986, no quarto pavimento do Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), e posteriormente foi transferido para o Palacete Bolonha, onde funcionou até 1994. Uma das primeiras coleções a compor seu acervo foi doada por Kenichiro Motoki, proveniente de suas atividades de demolição de edificações antigas em Belém.

Ao longo do tempo, o Museu foi constituindo seu acervo com peças provenientes de vários órgãos e instituições do Pará, incluindo o acervo do próprio Palácio Lauro Sodré. Além da exposição de longa duração nos salões nobres do pavimento superior, o MEP possui as galerias Manoel Pastana e Antonio Parreiras, que recebem mostras de curta e média duração.

Recorde com “Saramago” 

Geralmente, a média de visitação varia de 700 a 1.000 pessoas, em meses de maior movimento. De acordo com a diretora do MEP, Cássia da Rosa, no período de 14 de dezembro de 2018 a 17 de fevereiro de 2019, quando recebeu a Exposição “Saramago – os pontos e a vista”, o espaço teve um recorde de público, com 7.539 visitantes.

Há seis anos trabalhando no Museu, Cássia da Rosa ressalta o significado de sua relação com o MEP. “Me sinto muito honrada em estar ocupando esse cargo. Tenho um carinho muito grande pelo espaço, pelo acervo e por todos os meus colegas que também se dedicam ao Museu. Eu comecei a frequentar o MEP quando ainda estava na graduação e era estagiária em um programa que levava os alunos da rede municipal para conhecer os museus. Tenho um afeto muito grande por todos os museus do SIMM. Mas era sempre espetacular quando chegávamos à sala da tela “A Conquista do Amazonas”. Eu sempre escutava a explicação do mediador como se fosse a primeira.

Reformas 

Concebido com características neoclássicas, o Palácio Lauro Sodré teve sua edificação concluída em 1772, assinada pelo arquiteto régio Antonio José Landi, para abrigar a residência oficial do governador/presidente da Província. Em meados do século XIX, a partir de ampla reforma, passou por mudanças internas significativas. Entre 1971 e 1973, uma restauração recuperou algumas das características modificadas em períodos anteriores, como a capela, de onde saiu o primeiro Círio de Nazaré, em 1793.

O prédio que abriga o MEP está classificado no Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPAHC) da Secult como bem de interesse à preservação arquitetônica. É inserido em área de entorno de Bem Tombado pelo poder Estadual, por meio da Lei Estadual nº 5.629, de 20/12/1990, e também possui tombamento individual em nível federal pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e em conjunto (Centro Histórico de Belém) em nível municipal, pela Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel).

Porém, ao longo de anos sem manutenção predial efetiva e falta de modernização dos equipamentos, o prédio vem apresentando progressivo dano físico, o que afeta a visitação ao Museu. A última grande intervenção no Palácio Lauro Sodré ocorreu em 1994. Cinco anos depois, o espaço passou por uma pequena reforma.

Para a garantia da preservação do patrimônio, a atual gestão vem investindo em reparos e na manutenção do prédio histórico. Em 2019, a Secult fez serviços na cobertura. Também foram restaurados espaços como o forro do Salão Pompeano e a cobertura da área frontal. Houve ainda substituição das calhas e do telhado, no valor de R$ 245 mil.

Em 2020, ocorreu a manutenção das salas do andar inferior, a troca da parte elétrica, refrigeração e do forro de mais três salas, como a Galeria Antônio Parreiras. Neste ano, a equipe técnica da Secretaria de Cultura está relacionando as demandas para abrir licitação destinada à elaboração do projeto de restauro integral do MEP. 

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