A proposição foi aprovada pela Assembleia Legislativa (Alepa) e sancionada pelo governador Helder Barbalho, e a data passa a fazer parte do calendário oficial de eventos
O pai da nutricionista Paula Fernanda de Souza, 25 anos, foi uma das milhares de pessoas que serão lembrados como vítimas da pandemia. O analista financeiro Francisco Sérgio Sales Andrade, de 61 anos, faleceu em março deste ano, e a filha admite que é muito difícil até mesmo falar sobre o luto, principalmente em meio a um cenário pandêmico de fim ainda incerto.
“Perdi meu pai há exatos três meses, e por mais que a dor seja enorme, é o que aos poucos vai sendo transformada em força para que continuemos honrando não só a nossa trajetória, mas também a da pessoa que partiu. É extremamente revoltante que estejamos falando sobre mortes evitáveis desde o início dessa crise sanitária enfrentada por nós. Ao mesmo tempo, é reconfortante que tenhamos um governador humano e comprometido com a população”, reconhece a nutricionista.
A proposição parlamentar tem objetivo não apenas de destacar a lembrança desse período doloroso, mas de propor reflexão a fim de que escolhas mais seguras sejam feitas futuramente, seja no planejamento público, seja em termos de empatia e solidariedade diante de momentos de crise.
“O dia instituído para lembrarmos das pessoas que faleceram devido à pandemia é uma maneira de homenagearmos todos os paraenses que sempre ficarão em nossa memória e em nossos sentimentos, motivando esforço e perseverança para superarmos esse cenário tão difícil para o nosso povo e continuarmos vigilantes pela saúde pública do Estado”, atenta o titular da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Rômulo Rodovalho.
O auxiliar de escritório Afonso Henrique Silva, 30 anos, perdeu o pai em um dos piores momentos da pandemia, em abril de 2020. Ermenegildo Silva, tinha 53 anos e fazia parte do dito “grupo de risco”. O quadro evoluiu muito rápido, e por se tratar de um momento crítico na saúde pública, em que não havia leitos disponíveis nem nas enfermarias, o pai de Afonso, quando conseguiu internação, foi admitido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Icuí-Guajará, em estado avançado de insuficiência respiratória, e não resistiu.
“Foi tanta dor e revolta com tudo… o medo das pessoas sem ter informação segura. Vendo nossa atual situação, avançada em recursos e informação, a esperança renasce e a certeza de que dias melhores virão é real. Ter um dia para lembrar de tantas vítimas traz conforto. Essas pessoas não podem ser esquecidas, nada disso pode ser esquecido”, analisa.