Renata Amorim fez imagens dos 270 abrigados, que serão usadas em documentos oficiais, como a carteira de identidade
“Quando entrei ali, me emocionei. O momento em que vivemos é de olhar o próximo e fotografar as pessoas e contribuir com a minha arte, para elas conseguirem um documento, existir como cidadão, isso não tem preço”, contou a fotógrafa Renata Amorim, que, voluntariamente, registrou as pessoas em situação de rua acolhidas no Mangueirão e Mangueirinho, na tarde da quinta-feira (14).
A fotografia é a vida da Renata Amorim, que há 4 anos deixou para trás uma carreira na indústria farmacêutica para iniciar uma nova fase: a de registrar memórias através do seu olhar. Em meio a pandemia da Covid-19, ela foi chamada pelo coordenador de Acolhimento da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Thyago Resende, para este trabalho solidário, que tem como meta emitir carteiras de identidade para todas as 270 pessoas em situação de vulnerabilidade social que não tem este documento.
“O nosso objetivo é possibilitar que os acolhidos possam ter documentos pessoais e até consigam dar entrada em benefícios sociais que possibilitem melhorias” – Thyago Resende, coordenador de Acolhimento da Seaster.
Em meio ao trabalho, Renata refletiu várias vezes sobre quão esse momento em que vivemos está sendo de se colocar no lugar do outro, olhar o próximo, estar atento e dividir. “Teve uma distribuição de perfume lá e eu vi um senhor dizendo que queria tanto, que ele nunca teve isso, e eu repensei muito sobre a situação daquelas pessoas. Eu peguei Covid, e se essas pessoas estivessem na rua correndo o risco de pegar? Não consigo nem imaginar como seria, mexeu demais comigo”, disse emocionada ao lembrar desse momento.
Pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade social estão acolhidas no Mangueirão e também na arena Multiuso Guilherme Paraense (Mangueirinho) desde o final do mês de março. Uma mobilização geral do Governo do Pará e da sociedade civil arrecadou alimentos, colchões, roupas e produtos de higiene. Todos tiveram acesso à serviços sociais e de acolhimento, como a emissão de documentos e atividades de lazer.
Para cada 15 segundos de um clique da máquina fotográfica de Renata, um alento em seu coração de estar ajudando as pessoas. Para cada um que nunca conseguiu tirar um documento, o agradecimento de poder estar abrigado, com saúde e agora, oficialmente, cidadão. “Eu gostei de ser fotografado e isso vai ajudar a gente a ter documentos”, agradeceu Carlos Alessandro Gomes.