‘Fordlândia’, o gigante sonho abandonado no Pará

O projeto nasceu de um sonho do empresário norte-americano Henry Ford em criar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo.

O projeto “Fordlândia” nasceu após o empresário Henry Ford, por meio de sua empresa Ford Industrial do Brasil, comprar uma área de terras às margens do Rio Tapajós. “Expectativa e realidade”. Não existe expressão melhor para definir a construção milionária da Fordlândia. A ousada infraestrutura foi um sonho de Henry Ford, que tinha como objetivo implantar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo.

Porém, a busca de um terreno que comportasse a estrutura imaginada por Ford, levou um tempo. Então, o governo brasileiro cedeu para o milionário um milhão de hectares de terra, localizado entre os municípios de Itaituba e Aveiro. A vila teria toda a infraestrutura de uma cidade moderna made in USA (“produzida nos EUA”).

De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o projeto ‘Fordlândia’ conseguiu a concessão do Estado do Pará, por meio do governador Dionísio Bentes, e aprovada pela Assembleia Legislativa em 20 de setembro de 1927.

Foto: Ricardo Leoni/Agência O Globo

Mas o sonho não aconteceu, pois a Fordlândia não era uma área propícia para ser base de implantação do projeto. Por isso, técnicos da Holanda e EUA iniciaram intensas investigações para encontrar uma área que fosse ideal para o projeto da Companhia Ford.

“A descoberta era perfeita: uma planície elevada às margens do Rio Tapajós, coberta por densa floresta. A essa área Ford chamou de ‘Bela Terra’, que depois passou a ser chamada de ‘Belterra’. A partir daí, o projeto começava a se tornar realidade, e Belterra ficou conhecida como ‘a cidade americana no coração da Amazônia'”, contextualiza o IBGE.

Seringueiros voltando do seu trabalho em Belterra (PA) – 1953. Foto: Reprodução/IBGE

O projeto teve início e uma estrutura nunca antes montada em toda a região foi dando vida à futura cidade modelo. Hospitais, escolas, casas no estilo americano, mercearias, portos próximos à praia foram construídos para abrigar as famílias de todos os empregados que estavam trabalhando no projeto. Grande parte dos trabalhadores braçais vinha do sertão nordestino, fugindo da seca, e encontravam no projeto de Henry Ford a salvação.

Em cinco anos, o projeto ganhou dimensões incomuns para a região naquela época: campos de atletismo, lojas, prédios de recreação, clube de sinuca e cinema. De 1938 a 1940, Belterra viveu o seu período áureo e foi considerado o maior produtor individual de seringa do mundo.

Vista aérea parcial de Belterra, 1966. Foto: Reprodução/IBGE

No entanto, o final da segundo Guerra Mundial, a morte do filho de Henry Ford, a grande incidência de doenças nos seringais e, principalmente, a descoberta da borracha sintética na Malásia foram fulminantes para a decadência do projeto em Belterra. A partir daí, a área foi negociada para o Brasil e a Companhia Ford abandonou o sonho.

Durante 39 anos, Belterra foi esquecida e a ‘cidade americana’ foi transformada, entre outras denominações, em Estabelecimento Rural do Tapajós (ERT), ficando sob jurisdição do Ministério da Agricultura. Somente em 1997, os moradores de Belterra conseguiram a emancipação do município.


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