“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”, diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial, publicado em 2017, que sistematizou os princípios desse processo evolutivo no campo manufatureiro. Os “novos poderes” da transformação, adianta, virão da engenharia genética e das neurotecnologias, duas áreas que parecem misteriosas e distantes para o cidadão comum.
Na concepção do Fórum, “há três razões pelas quais as transformações atuais não representam uma extensão da terceira revolução industrial, mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas. A velocidade dos avanços atuais não tem precedentes na história e está interferindo quase todas as indústrias de todos os países”. A revolução acontece após três processos históricos transformadores. A primeira marcou o ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da informação e das telecomunicações.
No Fórum Mundial de Davos/2018 os acadêmicos mais entusiastas definiram com precisão os conteúdos fundamentais da Revolução 4.0: nanotecnologias, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial, biotecnologia, sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras 3D. Teme-se a ocorrência, num primeiro momento, de fortes perdas de postos de trabalho, a parte mais controversa do processo. É de amplo domínio, contudo, que toda revolução, independentemente do campo e da abrangência, envolve riscos e custos que logo são compensados por ganhos de produtividade, emprego de melhor qualidade e remuneração mais compensadora.
Convém intuir que a Revolução 4.0 não diz respeito a ato de vontade, de um decreto governamental, da manifestação de interesse de representações de classes empresariais, da universidade, de centros de pesquisas isoladamente. É na verdade o somatório de todos esses vetores, juntos, integrados, coordenados e focados nas transformações que se processam urbi et orbi. Para tanto, requer ambiência consentânea, ou resultante, da solidez política, social, educacional, cultural e econômica de um país; igualmente, firme e consolidada estrutura científica, de pesquisa e desenvolvimento, de onde irão emergir start-ups e parques tecnológicos responsáveis pela difusão das inovações subjacentes à revolução industrial 4.0.
Este o desafio maior da Zona Franca de Manaus no horizonte 2073, posto inevitável e impositiva sua integração a essa nova onda transformadora. Estamos preparados para tão ousados desafios? Estamos capacitados a dar o grande salto para frente, como fizeram japoneses, chineses, tigres asiáticos e as novas economias industriais europeias?
Manaus, 19 de março de 2018.