A citricultura amazonense, como os demais segmentos agropecuários, enfrenta sérios problemas, destacando-se: a) baixa fertilidade do solo, o que exige do produtor investimentos extraordinários na aquisição de fertilizantes; b) condições climáticas adversas derivadas das altas temperaturas tropicais predominantes (acima de 30 graus) e taxas de umidade relativa do ar média de 86% anual, ensejando ocorrência de pragas e doenças muito acima do padrão de regiões de climas menos hostis; c) baixo nível de cultura agrícola do produtor amazonense; d) baixo padrão de eficiência da assistência técnica;e) extremas dificuldades logísticas no suprimento de insumos básicos (adubos e defensivos), que chegam a Manaus a preços na maioria dos casos bem superiores aos de outras praças; f) baixa oferta de mudas de qualidade a preços acessíveis.
Esse conjunto de adversidades impõe ao produtor dificuldades operacionais e comerciais extremadas, agravadas por um mercado recessivo, portanto, altamente competitivo, levando o produtor a não entregar sua colheita a preços vis. Mais grave: por inexistência de sistemas de comercialização moderno e eficaz, proliferam-se em cada esquina de Manaus pontos de venda a céu aberto como em nenhum outro lugar do Brasil. Macabra combinação de desemprego estrutural e inadequação operacional de feiras públicas (Manaus Moderna, Panair, Ceasa), que obriga jovens e pais de família a atacarem freneticamente veículos parados nos sinais de trânsito no afã de vender suas mercadorias. Um autêntico salve-se quem puder diário.
Fundada em 2003, a Associação Amazonense de Citricultores – AMAZONCITRUS passou a promover com a Sepror e Idam diversos seminários para discussão aprofundada do problema. Dessas rodadas de estudos técnicos derivou forte ligação com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, cujos pesquisadores passaram a se deslocar com frequência de Cruz das Almas, BA ao Amazonas para ministrar cursos básicos de manejo e dar apoio técnico aos seminários e em dias de campo. O trabalho vem rendendo excelentes resultados, sobretudo no que diz respeito à formação de uma consciência e atitudes profissionais dos produtores locais, além de um maior comprometimento da autoridade governamental e da pesquisa com a transferência e difusão de boas práticas agrícolas.
Desse relacionamento resultou o Projeto Citros Amazonas, iniciado em 2011. Em sua terceira fase, o projeto é gerido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e UFAM, além do Cpaa, Sepror e Idam. Com o apoio institucional da FAEA e AMAZONCITRUS. Esta nova etapa tem como foco principal gerar e adaptar tecnologias que permitam a definição de um novo sistema de produção sustentável de citros para o Amazonas (o vigente é de 1992), consolidar os experimentos copas/porta-enxertos, além de dar prosseguimento à capacitação de técnicos e produtores em boas práticas agrícola (preparo do solo, manejo e conservação do solo, de plantas infestantes e coberturas vegetais, manejo nutricional da cultura dos citros, reconhecimento de pragas e doenças, manejo integrado de pragas, etc.). O total dos investimentos (R$ 1,589 milhão) nas três fases estão sendo integralmente bancados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas – FAPEAM.
Manaus, 27 de agosto de 2018.