Citricultura amazonense

A produção de citros (laranja, limão e tangerina) no Amazonas, mesmo não figurando dentre as principais culturas em importância econômica, vem, nas últimas quatro décadas, ampliando áreas de cultivo, já ultrapassando, segundo dados da Secretaria de Produção Rural (Sepror) 4.000 hectares. Rio Preto da Eva, com cerca de 30% da área plantada, lidera o rank dos maiores produtores à frente de Manacapuru, Manaus e Itacoatiara. De acordo com o Comunicado Técnico 159 da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, Bahia), publicado em 2015, além de condições climáticas favoráveis, que permitem a produção durante todo o ano, a demanda por frutos de laranja no Estado é crescente, proporcionando aos produtores ganhos satisfatórios.

Foto:Divulgação/SENAR

A citricultura amazonense, como os demais segmentos agropecuários, enfrenta sérios problemas, destacando-se: a) baixa fertilidade do solo, o que exige do produtor investimentos extraordinários na aquisição de fertilizantes; b) condições climáticas adversas derivadas das altas temperaturas tropicais predominantes (acima de 30 graus) e taxas de umidade relativa do ar média de 86% anual, ensejando ocorrência de pragas e doenças muito acima do padrão de regiões de climas menos hostis; c) baixo nível de cultura agrícola do produtor amazonense; d) baixo padrão de eficiência da assistência técnica;e) extremas dificuldades logísticas no suprimento de insumos básicos (adubos e defensivos), que chegam a Manaus a preços na maioria dos casos bem superiores aos de outras praças; f) baixa oferta de mudas de qualidade a preços acessíveis.

Esse conjunto de adversidades impõe ao produtor dificuldades operacionais e comerciais extremadas, agravadas por um mercado recessivo, portanto, altamente competitivo, levando o produtor a não entregar sua colheita a preços vis. Mais grave: por inexistência de sistemas de comercialização moderno e eficaz, proliferam-se em cada esquina de Manaus pontos de venda a céu aberto como em nenhum outro lugar do Brasil. Macabra combinação de desemprego estrutural e inadequação operacional de feiras públicas (Manaus Moderna, Panair, Ceasa), que obriga jovens e pais de família a atacarem freneticamente veículos parados nos sinais de trânsito no afã de vender suas mercadorias. Um autêntico salve-se quem puder diário.

Fundada em 2003, a Associação Amazonense de Citricultores – AMAZONCITRUS passou a promover com a Sepror e Idam diversos seminários para discussão aprofundada do problema. Dessas rodadas de estudos técnicos derivou forte ligação com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, cujos pesquisadores passaram a se deslocar com frequência de Cruz das Almas, BA ao Amazonas para ministrar cursos básicos de manejo e dar apoio técnico aos seminários e em dias de campo. O trabalho vem rendendo excelentes resultados, sobretudo no que diz respeito à formação de uma consciência e atitudes profissionais dos produtores locais, além de um maior comprometimento da autoridade governamental e da pesquisa com a transferência e difusão de boas práticas agrícolas.

Desse relacionamento resultou o Projeto Citros Amazonas, iniciado em 2011. Em sua terceira fase, o projeto é gerido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e UFAM, além do Cpaa, Sepror e Idam. Com o apoio institucional da FAEA e AMAZONCITRUS. Esta nova etapa tem como foco principal gerar e adaptar tecnologias que permitam a definição de um novo sistema de produção sustentável de citros para o Amazonas (o vigente é de 1992), consolidar os experimentos copas/porta-enxertos, além de dar prosseguimento à capacitação de técnicos e produtores em boas práticas agrícola (preparo do solo, manejo e conservação do solo, de plantas infestantes e coberturas vegetais, manejo nutricional da cultura dos citros, reconhecimento de pragas e doenças, manejo integrado de pragas, etc.). O total dos investimentos (R$ 1,589 milhão) nas três fases estão sendo integralmente bancados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas – FAPEAM.

Manaus, 27 de agosto de 2018.

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