Papai Noel por um dia

Ao ver as crianças com os seus olhos brilhando, seus corações pulsantes, ouvindo falar de suas esperanças e desejos, eu já não era mais o Dudu e sim o Papai Noel.

No ano de 2014, a Rede Amazônica por ocasião das proximidade do Natal criou um projeto que consistia em escolher entre seus apresentadores um que pudesse fazer o papel de Papai Noel . A direção da empresa fez uma pesquisa entre aqueles que pudessem ser escolhidos e dentre muitos nomes que foram colocados numa lista estavam aqueles que, como eu, seriam os mais antigos e mais gordos. 

No maior sigilo fui chamado a uma reunião e comunicado que havia sido escolhido para o Papai Noel por um dia. A ideia era atingir os funcionários, clientes e telespectadores, que deveriam reconhecer quem era o Papai Noel. 

Mergulhei na ideia, mas tinha consciência que não deveria falar, pois a minha voz me denunciaria, e que eu deveria me limitar ao tradicional “HO! HO! HO!”. Então, neste ínterim me levaram a uma maquiadora que em um passe de mágica conseguiu transformar a minha pele escura em cutis branca como neve, vestindo a tradicional roupa de cor vermelha e indo até uma ótica onde colocaram lentes de contato azul para completar o personagem, além de uma peruca branca conjugada com a barba. A única coisa que não foi necessário mudar foi o abdome (barriga) que já era natural.  

Chegando à casinha do Papai Noel que ficava no Studio 5, sentei-me na cadeira do Bom Velhinho, que ficava totalmente decorada com enfeites natalinos.

A partir daí os muitos colegas de trabalho passavam perto de mim na tentativa de reconhecer quem estava por dentro da roupa de Papai Noel.

Incrível que, nem os cinegrafistas e amigos motoristas que trabalhavam diariamente comigo conseguiram me reconhecer. Assim foi até o final de todo o evento e ninguém me reconheceu.

Para mim tudo não passava de uma grande brincadeira onde eu me divertia vendo as pessoas tentando identificar. Era pura diversão!

Então, as portas do shopping foram abertas para as crianças entrarem na casinha e TUDO MUDOU PARA MIM! Ao ver as crianças com os seus olhos brilhando, seus corações pulsantes, ouvindo falar de suas esperanças e desejos, eu já não era mais o Dudu e sim o Papai Noel.

Alguns tinham receio de se aproximar, entretanto, ao tocar na mão do Papai Noel se deixavam levar por seus mais puro sentimentos de amor e esperança. Muitos ficavam bem aconchegante e sussurravam nos meus ouvidos. Com mãos trêmulas colocavam a suas cartinhas de pedido de presente nas mãos do Bom Velhinho. Não era eu e sim o Papai Noel.

Sim, ele existe mesmo porque está dentro de nós!

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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