O dia que Walt Disney escalou Zé Carioca para a seleção brasileira

Foi emocionante ver nas páginas do Manual que o Zé Carioca fala dos grandes clubes do Brasil, dentre eles estão: Nacional e Rio Negro, em 1974. Ou seja, o futebol do Amazonas faz parte da História do futebol mundial.

Quem não lembra de Walt Disney? O homem que embalou fantasias. Criador de personagens extraordinários no imaginário de todos. Um apaixonado pelo Brasil e mais exatamente: pelo “espírito alegre” do brasileiro. Tão apaixonado, que com base neste espírito, criou um de seus personagens mais alegres e divertidos: o Zé Carioca.

Nos anos setenta ele acompanhou de perto a alegria do povo brasileiro na Copa do México de Futebol: a Copa do TRI! Por causa dessa conquista, Walt Disney resolveu “escalar” e vestiu o Zé Carioca com a camisa da Seleção Brasileira. Lançou para o mundo inteiro, um manual com histórias e destaques sobre o povo brasileiro.

Histórias relacionadas ao futebol, que ajudaram a mudar a personalidade de uma nação chamada “BRAZIIIIIIL”!

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Acervo pessoal

O Manual do Zé Carioca começa assim: “Noventa milhões em ação, pra frente Brasil do meu coração… A inspirada composição de Manuel Gustavo diz bem o que representa o futebol para o nosso país. Afinal, o garoto nascido nesta terra já começa a chutar a bola, antes mesmo de aprender a ler”. E falou Zé Carioca! Falou BRASIL!

Walt Disney escreveu mais: “A verdadeira Seleção Brasileira surge em 1914, em um amistoso no campo do fluminense com jogadores do Rio e São Paulo, contra a equipe inglesa Exeter City. Em seguida, esta seleção vence a primeira COPA ROCA em Buenos Aires, vencendo a Argentina. Calções e camisas brancas com braçadeiras vermelhas e o brasão da CBD – Confederação Brasileira de Desporto”.

Com o passar do tempo, o equipamento da Seleção brasileira foi modificando até chegar ao modelo atual. Para mim, amazonense, foi emocionante ver nas páginas do Manual, que o Zé Carioca fala dos grandes clubes do Brasil, dentre eles estão: Nacional e Rio Negro, em 1974. Ou seja, o futebol do Amazonas faz parte da História do futebol mundial.

Outra curiosidade: no início do nosso futebol, pouco a pouco, foram sendo incorporados aos elencos dos grandes times do Brasil, jogadores estrangeiros. Em determinado momento, o Vasco da Gama contratou um jogador argentino. Este jogador na verdade nem chegou a jogar diretamente no elenco. Porém, estava sempre à beira do campo. Toda vez que a bola saía e ia para longe (não existia CT), os jogadores gritavam e pediam: GANDULA VAI BUSCAR A BOLA! O nome do jogador “cruzmaltino” era Gandula. Daí em diante ficou perpetuado, que quem auxilia na reposição da bola se chama ‘gandula’

Esta é apenas uma das centenas de histórias do nosso futebol escritas pelo Zé Carioca e que nas últimas páginas continha um dicionário de palavras do futebol:

CABEÇA DE BAGRE – Mal jogador.
ARMANDINHO – Atacante que joga recuado, fugindo da área adversária.
MASCARADO – Jogador vaidoso, convencido de suas qualidades e que joga com pouco interesse na partida. Dentre outras.

Não esqueça! Este manual foi publicado em 1974, em um BRASIL diferente do de hoje. Mas a história não pode ser mudada (se houver honestidade). Resolvi então lembrar momentos da minha formação.

Personagens como este, colocavam-me no centro do mundo, resultando em muito orgulho de ser brasileiro. Foi tão forte a emoção que até hoje posso cantar: “EU TE AMO MEU BRASIL, EU TE AMO! MEU CORAÇÃO VERDE, AMARELO, AZUL ANIL…”

Hoje, agradeço ao Walt Disney por permitir voltar no tempo e copiar um pouco deste manual, para refrescar a cabeça de alguns. Somos uma grande nação, com pessoas maravilhosas e orgulhosas do seu solo pátrio! Mesmo que tenhamos de lutar por isso todos os dias!

Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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