Foto: Anderson Silva/Acervo Globo Esporte
Por Dudu Monteiro de Paula
Quando há 53 anos optei em ser jornalista nem imaginava que estava acertando no que queria ser e, desde então, tenho me dedicado com a maior intensidade na busca da excelência – com a consciência da impossibilidade.
Quando estamos na função, apenas pensamos no melhor daquilo que nossa missão exige. Tenho feito, desde o meu diploma em jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), dezenas de cursos, pós-graduações, simpósios, seminários, enfim, sempre na busca de aumentar o meu conhecimento e melhorar a qualidade de meu trabalho.

No dia 8 de dezembro deste ano estarei completando 53 anos de jornalismo e 44 de jornalista graduado. Desde o início de minha vida (e faz muito tempo) estou envolvido no esporte, iniciado como praticante e complementado como jornalista.
Entretanto, poucos imaginam que o esporte é um vetor social de grande potencialidade. Com isto tive o contato sempre com o comportamento socioeconômico dos praticantes da mais diversas modalidades.
Quis a natureza que eu estivesse no início das atividades da televisão colorida, que foi se expandindo por toda a Amazônia e, afinal, são mais de 53 anos de jornalismo, vivendo momentos marcantes em muitos lugares e sempre dentro da já conhecida “telinha”.
Quis também a natureza que eu pudesse estar na frente do conhecido e popular programa Globo Esporte. E enumerar a quantidade de pessoas que entrevistei é humanamente impossível. No começo, a forma de se arquivar as matérias era extremamente rudimentar, portanto, não espere de mim esta milagrosa memória.
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Mas, ao longo desta vida, tenho recebido demonstrações de carinho que muitas das vezes me surpreendem. Neste recente domingo fui até a despedida de minha amiga Francisca Amorim, de 95 anos. A minha amiga, que desencarnou na plenitude de suas faculdades mentais, era uma pessoa que gostava de ouvir as minhas aventuras e se divertia muito.
Ela era mãe de pessoas que tenho estima como minha família. Outra coisa que é da maior importância: ela me deixava bastante a vontade de contar da forma que eu falava para mim mesmo, sem o receio de dizer palavras de forma que identificasse a situação que eu descrevia. Liberdade plena que somente os amigos aceitam.
Lógico que mesmo sabendo que nossa vida desaparecerá um dia, temos que ter fé para acreditar na vida eterna, na vida espiritual. Posso afirmar que, no caso desta minha amiga, isto é uma verdade, pois ela sempre esteve e estará dentro de minha alma.
Foi uma cerimônia simples e familiar como se propunha a situação. Todos emocionados pela partida, sempre prematura! A cerimônia religiosa foi presidida pelas palavras do capelão da [Funerária] Canaã, que fez uso de belas palavras de conforto a todos nós.
Estava eu, lógico, perto do corpo de minha amiga, quando o capelão dirige-se direto a mim lembrando o fato não só de ter entrevistado o pai dele (ex-jogador de futebol), mas de termos tirado uma foto com ele e o pai pouco antes de sua partida.
Fui invadido por uma emoção diferente. Foi nesse momento que, seguro que nos meus 53 anos de jornalismo, percebi que hei de ter vivido muitas aventuras e histórias, sempre no cumprimento de meu dever social. Quando você se forma em uma universidade, lê-se um juramento que diz nossos deveres e obrigações e tenho seguido fielmente o que eu pretendo no meu trabalho.
Portanto, sempre me surpreendo com situações como essas (e são muitas). Sempre serei grato a Deus, que encaminhou pessoas maravilhosas no meu caminho – a começar com os meus pais, irmãos e milhares de amigos. É sempre bom saber que você ajuda aos outros em qualquer que seja o momento.
Por hoje é só. Semana que vem tem mais! Fuiii!!!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
