Cascas da árvore mulateiro promove hidratação e trata manchas de pele

Cientificamente, existem estudos que comprovam a eficácia e propriedades contidas nesta árvore amazônica.

A prática de skincare vem ganhando destaque se tornando um dos símbolos de autocuidado, o hábito de cuidar da pele com produtos específicos traz inúmeros benefícios, promovendo a sensação de limpeza e bem-estar. Além disso, utilizando os produtos corretos é possível tratar manchas, alergias, queimaduras e o envelhecimento precoce da pele.

Na região amazônica, existem alguns produtos desenvolvidos com base em frutos, plantas e sementes que possuem a capacidade de alterar o colágeno da pele e a elastina, promovendo uma melhora na hidratação da pele. O mulateiro possui propriedades com capacidade de tratar manchas e rejuvenescer a pele. A propriedade é retirada a partir da árvore mulateiro, típica da região amazônica.

Dentre as lendas amazônicas, existe uma que conta a versão das guerreiras Amazonas que antigamente preparavam uma infusão com a casca do mulateiro para se banharem em dias de lua cheia, com o intuito de preservar o aspecto jovial da pele. Uma das principais descrições das guerreiras Amazonas era a beleza.

Foto: Reprodução/UEFN

Pensando nisso, o Portal Amazônia conversou com o farmacêutico-bioquímico, Emerson Lima, professor na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), para entender mais sobre as propriedades e efeitos do mulateiro em contato com a pele. 

“A casca da árvore tem uma textura lisa o que torna diferente das outras árvores. A casca já era utilizada pela população amazônica, indígena, cabocla e ribeirinha, utilizado para o tratamento da pele com foco em rejuvenescimento”, esclareceu o doutor.

Existem diversos produtos que possuem propriedades extraídas a partir da árvore mulateiro ou pau-mulato-da-várzea (Calycophyllum spruceanum) e cientificamente existem estudos que comprovam suas propriedades químicas. A espécie é popularmente receitada na etnomedicina como cicatrizante e rejuvenescedor, além de ser usada no controle de manchas de pele.

“Com o mulateiro fizemos testes em laboratório e percebemos que ele inibe a ação da tirosinase, esse efeito também pode se dar pelo seu alto potencial antioxidante. Esse potencial antioxidante ajuda no efeito despigmentante, porque ele acaba inibindo a ação da tirosinase, que é considerada uma enzima oxidativa. Os ácidos elágico e gálico presentes na casca da planta podem ser alguns dos responsáveis por essa ação”, 

revelou o bioquímico.

 Dentro do mercado de dermocosméticos, é possível encontrar o mulateiro em formato de sabonete, creme e shampoo.

“Eu não conhecia sobre a árvore mulateiro até comprar o sabonete, fui pesquisar sobre a árvore, sobre os benefícios dela e vi que ela possui propriedades benéficas para clarear manchas na pele e achei muito interessante e resolvi testar. A diferença que eu vi na minha pele é que alguns cravos secaram e a pele foi desinflamando, dando um aspecto de hidratação. Já estou me programando para comprar outros produtos feitos com mulateiro, como hidratante e shampoo. Acho interessante esse trabalho artesanal com produtos que são regionais”,

contou a estudante Bárbara Fernandes ao Portal Amazônia.

Através do seu potencial antioxidante, o mulateiro inibe a ação das enzimas colagenase e elastase. Essas enzimas destroem as proteínas responsáveis pela sustentação da pele que são o colágeno e elastina. Quando utilizado da forma correta, o mulateiro ajuda no tratamento de manchas e melasmo.

“O efeito do mulateiro pode se dar por dois mecanismos, sendo semelhante ao ácido kójico, que é um inibidor da tirosinase que é uma enzima que ajuda e auxilia na síntese da melanina, sendo uma das etapas da síntese da melanina. Então, com a inibição dessa enzima, consequentemente inibe a síntese de melanina, que é o pigmento escuro da pele e com isso ocorre um clareamento da pele”.

Foto: Reprodução/UEFN

Mulateiro

Típica da região amazônica, a árvore mulateiro (Calycophyllum spruceanum) pode atingir entre 15 e 30 metros de altura e seu tronco é revestido por uma casca fina e lisa. Quando ainda é jovem atinge uma cor esverdeada e ao longo do tempo vai se tornando parda, chegando a um tom castanho-escuro. A árvore também possui flores pequenas, brancas e aromáticas. Os cremes e sabonetes dermocosméticos são retirados das cascas desta árvore amazônica.  

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