Soro antiofídico é o medicamento utilizado para tratar mordidas de animais peçonhentos, como cobras, aranhas e escorpiões. Equipamentos também foram entregues ao Dsei-Leste, responsável pela saúde de outros povos indígenas de Roraima.
A Terra Indígena Yanomami, em Roraima, recebeu câmaras elétricas e caixas térmicas para a distribuição de soro antiofídico, medicamento utilizado para tratar mordidas de cobras, aranhas e escorpiões, as comunidades do território, facilitando o acesso a saúde. A ação foi anunciada nesta segunda-feira (29) pelo Ministério da Saúde (MS).
A ação faz parte da rede de suprimentos e da logística de soros, vacinas e imunoglobulinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e deve aprimorar o acesso ao tratamento contra acidentes com animais peçonhentos.
Com ela, a distribuição de soros antiofídicos será descentralizada. A descentralização deve aumentar o número de pontos de atendimento aos indígenas que são picados por serpentes. O objetivo é reduzir o tempo de socorro às vítimas, diminuindo os riscos de morte e de sequelas permanentes.
As câmaras e caixas térmicas foram entregues ao Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y) devido a maior vulnerabilidade aos ataques. São cinco câmaras elétricas, dez câmaras solares e 447 caixas térmicas entre 2,7 litros e 20 litros.
Conforme o MS, a população dos territórios indígenas correm risco quatro vezes maior de sofrer um acidente com animal peçonhento em comparação com as de outras regiões. Já a letalidade é seis vezes maior entre os indígenas.
A consultora técnica da Coordenação Geral da Vigilância de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do MS, Lúcia Montebello, explica que nesses casos a maior acessibilidade para diagnóstico e tratamento é essencial.
“A partir da necessidade, também programamos qualificação de médicos e enfermeiros. Os grandes desafios são a profissionalização dos profissionais e a estruturação dos polos base para que possam atender o paciente fazendo os primeiros socorros e iniciando a soroterapia. É exatamente isso que temos feito”, comentou a consulta técnica.
Diante desse cenário, o Distrito Sanitário Leste (Dsei-Leste), responsável pela saúde de indígenas de outros povos em Roraima, também recebeu cinco câmaras elétricas e 16 câmaras solares, além de 327 caixas térmicas. Os casos graves continuarão sendo transferidos para hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
A descentralização do serviço já ocorreu em sete Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) do Amazonas, onde está parte da TI Yanomami, no começo deste ano. E deve ser implementada em outros estados do Norte que registram altos números de ataques e óbitos por acidentes com animais peçonhentos.
Reestruturação
Além do urso de caixas e freezers para armazenar os soros, o Ministério prevê o treinamento de profissionais de saúde para a aplicação do protocolo.
Segundo a técnica do PNI especialista em saúde pública, Josineia Oliveira, é necessário garantir a gestão de qualidade da temperatura e de armazenamento que é indicada pelo fabricante.
“Esse é um marco histórico. O PNI tem 50 anos de história e, com o avanço da tecnologia, temos equipamentos que garantem estabilidade térmica para o armazenamento adequado. Armazenar corretamente garante a eficiência”, completa Josineia.
O Ministério da Saúde ainda estuda o aumento de produtores credenciados. Atualmente, apenas um laboratório produz soro, mas a expectativa é que o número passe para três a partir de 2025.
“Hoje estamos em articulação com os laboratórios produtores. O Brasil é um país de tamanho continental, então esse processo é necessário e está em andamento”, adianta Lúcia.