Nos artigos anteriores falamos de comprovações científicas importantes sobre a felicidade, como o fato dela funcionar como um termostato, em que bons ou maus acontecimentos impactam temporariamente. Após um tempo, há um retorno à nossa felicidade normal. Vimos também diferentes tipos e sabores de felicidade, como o de momentos prazerosos, os que vivenciamos em estados de flow, e a vida baseada em um propósito, que gera momentos nem sempre prazerosos enquanto acontecem, mas que proporcionam um sentido para a nossa vida.
Partimos agora para as ações intencionais que, segundo os estudos, possuem um papel definidor em nossa felicidade. Elas se estenderão nos próximos artigos. Vamos nos deter hoje a um ponto que está diretamente relacionado ao terceiro tipo de felicidade, o propósito, o que nos leva a fazer o que fazemos. A pergunta inicial seria: qual o sentido de nosso trabalho? Por que trabalhamos e para quem trabalhamos? Gostaria de propor uma ideia: trabalhamos para cumprir a nossa missão no mundo.
Talvez você não concorde com esta afirmação. Talvez lhe ocorra que você trabalha para ganhar dinheiro, pagar contas ou sustentar a sua família.
Será mesmo? Penso que não seria uma razão suficiente, como disse Steve Jobs, referindo-se a quem quer montar uma empresa apenas para ganhar
dinheiro. Ele declarou: “não vejo ninguém ser bem-sucedido com este tipo de pensamento”. Pessoalmente, penso que este mesmo raciocínio vale para
qualquer tipo de trabalho. Proponho então partimos desta premissa: trabalhamos para fazer o que viemos fazer neste mundo. Surge inevitavelmente a segunda pergunta: para quem trabalhamos? Num sentido mais amplo, para o universo, para as pessoas de um modo geral. Num sentido mais específico, para o cliente, que paga pelos nossos serviços. E se participamos de uma empresa, seja como empreendedor, sócio ou empregado, trabalhamos para ela que constitui em si, uma pessoa própria.
Sobre esta empresa para qual trabalhamos, qual a sua finalidade? Que tipo de bem ela pretende proporcionar a todos os agentes com quem se relaciona, sejam os empregados, clientes, fornecedores e todos os outros, direta ou indiretamente influenciados pela sua existência? Se alguém pensa que isto não faria diferença, pergunto: trabalhar para uma empresa legítima, para alguma construtora corrupta, ou uma organização criminosa, faz diferença?
Assim, para quem você trabalha pode contribuir para dar sentido ao porquê você faz o que faz. Esta empresa possui um senso de missão e um propósito claro? Será que você consegue assumir a causa desta empresa como uma causa sua? Como você alinharia seus valores e seu próprio propósito ao da companhia? Muitas empresas merecem a nossa dedicação de tempo e de nossos talentos. Nem todas merecem isso.
Tradicionalmente os empregadores costumam entrevistar candidatos, testar suas qualificações técnicas e avaliar questões comportamentais. E o
candidato? Da mesma maneira, e talvez até mais, também deveria fazer o mesmo. Quem é a empresa que o está entrevistando? Qual a sua missão? Qual o seu propósito? Quais os seus valores reais, não apenas os declarados, mas os exercidos em seu dia a dia? Qual a sua reputação? O quanto ele sentiria orgulho de fazer parte deste time, defender esta marca? Vale dedicar oito horas ou mais dos valiosos dias de sua vida a esta causa? Pode ser que você ou alguém precise traçar uma ponte entre a realidade atual e este sentido de trabalho. Não é tão importante onde você está, mas em que sentido vai seguir. Para o que ou para quem trabalhamos é o primeiro passo para nos fazer felizes e orgulhosos do nosso trabalho. Seguimos na próxima semana.
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Julio Sampaio de Andrade | Mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute | Diretor da Resultado Consultoria | Autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital)