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Quinta, 25 Abril 2024

Oito casos de fasciolose humana são identificados no Amazonas

Oito casos de fasciolose humana são identificados no Amazonas
Oito casos de fasciolose em humanos foram identificados no município de Canutama (a 616 quilômetros de Manaus), no Amazonas. A doença é comum em animais, principalmente em bovinos, caprinos e ovinos, mas em humanos é considerada negligenciada devido à falta de estudos na área. O mal pode causar complicações graves como hepatites, cirrose e dilatação das vias biliares.
Pesquisa identificou oito casos da doença em Canutama, no Amazonas. Foto: Reprodução/Shutterstock
Os casos da doença foram identificados durante uma pesquisa desenvolvida no programa de doutorado da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O autor do trabalho, o doutorando Marcel Gonçalves, diz que ainda não há registro de fasciolose em outras localidades do Estado, além de Canutama.

Conforme o estudante há necessidade da realização de pesquisas em outros lugares para investigar sobre a doença em humanos no Amazonas. "A ausência de registro não significa que a fasciolose não esteja circulando em outros municípios",diz. Outro fator a ser observado é a falta de cuidados com a água e com o abate de animais. Em países da América do Sul, como Bolívia e Peru, a incidência de fasciolose em seres humanos é muito maior.

Marcel diz que, a doença é transmitida para humanos através do consumo de água e alimentos contaminados com o parasito. "O animal infectado libera nas fezes os ovos do parasita que, ao entrar em contato com a água, vão eclodir e se transformar em larva, infectando algumas espécies de caramujos que vivem em áreas alagadas. Dessa forma, o caramujo transmite para as hortaliças e água a doença que vai afetar o ser humano", explica.

Durante a pesquisa, 434 pacientes passaram por exames de sorologia (sangue) e parasitologia (fezes). Desse total, oito receberam diagnóstico positivo para a doença. A fasciolose é transmitida por um parasita que se instala nas vias biliares e fígado. Os sintomas podem ser facilmente confundidos com outra doença, pois causam dor abdominal, febre e mal estar.

Canutama já registrou outros casos da doença

Segundo a orientadora do trabalho, a bióloga da FMT-HVD Graça Barbosa, o estudo se concentrou na região de Canutama devido ao fato de que em 2005 outra pesquisa já havia identificado casos da doença no município. Graça ressalta que o diferencial deste trabalho é que, além de exame parasitológico e sorológico, realizado nas pessoas, fez-se a busca pelos caramujos.

Os dados sobre os caramujos estão em análise para identificação dos hospedeiros intermediários, bem como investigação da infecção em bovinos. “As chances de se encontrar a doença em humanos apenas realizando o exame de fezes é muito baixa. Por isso é  importante buscar dados que complementem as informações sobre o ciclo do parasito na região” frisou.

Para a orientadora, o número de casos identificados é alto, considerando que Canutama tem cerca de 13 mil habitantes. “Se considerarmos que essa é uma doença presente principalmente em animais, esse índice representa um alerta e exige atenção das autoridades de saúde, sobre a necessidade de orientação à população e assim evitar novos casos”, alertou.

Graça Barbosa diz que, as pesquisas devem continuar, pois é preciso saber por que a doença se concentra em Canutama e como chegou até o município. Além disso, é preciso identificar e combater os hospedeiros intermediários (caramujos), porque sem eles não há transmissão. É importante também reforçar os cuidados com a higiene dos alimentos e água que são consumidos.

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