O parlamento

Foto:Reprodução

Já escrevi e comentei sobre o tema corrupção, não sem certo nojo e fastio, mesmo porque sua repetição continuará pelo tempo afora, até quando resolverem aprofundar uma reforma institucional que elimine, ou pelo menos tente reduzir, a influência do poder econômico nas eleições.

O dinheiro move o mundo e alimenta a corrupção em seu efeito circular, atingindo a alma das instituições todas as vezes que não sofre controles rígidos da opinião pública.

Mas hoje resolvi escrever sobre a instituição Parlamento. As instituições não são as pessoas que eventualmente as fazem. As pessoas passam, as instituições ficam, permanecem no tempo como uma necessidade da vida em comum.

Elas são o fator de aglutinação, a personificação e materialização da vontade que lhe deu forma para a realização de interesses e valores humanos e coletivos.

Assim, há pessoas que integram as instituições e vivem os seus ideais de maneira tão autêntica e legítima que marcam para sempre a sua passagem.

Outras, no entanto, assinalam sua passagem de forma negativa, porque distorcem e traem fins e objetivos. Por isso, passam a representar maus exemplos, aquilo que deve ser evitado. É o que infelizmente está acontecendo com o Parlamento nacional.

De tanta tradição e glória, como aquela que tirou de cena dois presidentes da República surpreendidos em graves erros, vive agora uma das mais difíceis fases de sua existência.

O Parlamento não é isso que aí está e as graves acusações que fazem a alguns parlamentares não é justo que atinjam a todos. E não é justo igualmente que a cena política seja reduzida ao que se vê, escuta e lê. Conforme sabemos, a tarefa legislativa é fundamental para qualquer sociedade democrática.

É no Legislativo que se devem produzir as leis fundamentais de uma sociedade, as quais precisam ser justas e benéficas ao corpo social. Não é ocioso relembrar a importância que Rousseau, no seu consagrado Contrato Social, dispensava ao Parlamento, considerando o legislador uma pessoa semidivina ou divinamente inspirada, em face da grandiosidade de sua missão, qual seja a de fazer as leis. O que está havendo, na verdade, é, a um só tempo, abuso de poder e desvio de finalidade por parte de alguns dos envolvidos neste hediondo escândalo político.

É ato de verdadeira traição à vontade popular, aos que confiaram em indignos mandatários. Portanto, é uso injusto, ilícito.

Destarte, devemos ter esperança de que esta crise vai passar. Precisamos de um Parlamento forte e atuante, sobretudo ele, que no concerto dos Poderes é o único que tem todos os seus membros eleitos pela vontade popular O ideal democrático exige e supõe cidadãos atentos e informados dos acontecimentos. Que saibam repudiar os que desservem à causa pública.

Porém que também saibam separar o joio do trigo, as pessoas das instituições. Isto porque, os príncipes e suas faltas passam, mas os princípios e as instituições ficam.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade