Especialistas explicam que coloração amarronzada está associada aos sedimentos carregados pelo Madeira nos períodos em que ele está com altos níveis de água. Imagens revelam cor real do principal rio de Rondônia.
Com a seca histórica, o rio Madeira tem apresentando uma coloração diferente, substituindo seu marrom característico por um tom esverdeado. Mas o que causou essa mudança? Especialistas explicam que essa mudança das águas é mais normal do que se pensa, já que acontece normalmente no período de vazante (seca).
Segundo o chefe de departamento de geografia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), doutor Michel Watanabe, a coloração amarronzada está associada aos sedimentos carregados pelo Madeira nos períodos em que ele está mais forte.
A tonalidade esverdeada, por outro lado, é a coloração natural do rio Madeira, mas só se torna mais visível durante períodos de secas extremas. A água adquire essa tonalidade devido à redução das cargas sedimentares e a criação mais evidente de microalgas.
“A oscilação em quantidade de água e sedimentos durante o período de seca e cheia é uma condição natural do rio. E a mudança na cor do rio também é uma consequência da diminuição e aumento da vazão”,
explica o professor.
Quando acontece essa mudança?
Segundo Watanabe, essa mudança está relacionada à redução dos níveis da água, que ocorre durante os meses mais secos na bacia do rio, de junho a setembro, sendo outubro um mês de transição entre o verão e inverno amazônico.
No entanto, devido à seca extrema e fora dos padrões que a região Norte enfrenta, o período para a mudança na coloração também vem sofrendo variações.
Michel Watanabe explica que nessa diminuição extrema da vazão e mudança na coloração, há acúmulo de variáveis que podem afetar o ecossistema.
“A criação excessiva de algas, diminuição de oxigênio, mudança de temperatura da água, esse e outros fatores podem se tornar prejudicial para algumas espécies aquáticas”, ressalta.
A cor mais escura e barrenta deve voltar a predominar no momento que os níveis da bacia voltarem a subir, que geralmente acontece no período chuvoso, previsto para começar entre o mês de outubro e novembro, de acordo com o professor e doutor.
*Por Emily Costa, do g1 Rondônia