O crescimento foi constatado por meio do estudo ‘Cartografias da Violência na Amazônia Legal’, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na Amazônia Legal, Rondônia se destaca entre os Estados com mais registros de incêndios criminosos. Entre 2018 e 2022 os casos aumentaram 143%. Além disso, o Estado está no top 3 das regiões com mais infrações ambientais. Os dados são do estudo ‘Cartografias da Violência na Amazônia Legal’, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
No ano de 2018 foram registrados 93 incêndios, e em 2022 o número saltou para 226, um aumento de 143%. Os registros de incêndios criminosos na Amazônia Legal cresceram 51,3% entre 2018 e 2022, tendo, assim como outros tipos criminais, 2020 como seu pico, com 733 registros.
Na escala municipal, os dez municípios da Amazônia Legal com mais infrações ambientais autuadas em 2022 estão concentrados em três Estados: Pará, Rondônia e Amazonas. Porto Velho é a capital que está em segundo lugar no ranking com 423 infrações ambientais, como desmatamento e queimadas.
A Amazônia brasileira abriga 4,8 milhões de km² do bioma, o equivalente a 69% da PanAmazônia.
Cercados pelo vazio
De acordo com imagens divulgadas pelo estudo, o desmatamento na Amazônia pressiona os territórios indígenas. A região da Terra do Meio, no Pará, o Parque do Xingu, em Mato Grosso, e a reserva Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, estão atualmente cercadas pela frente de expansão do desmatamento, onde os territórios têm se tornado zonas de confinamento e refúgio da natureza, o que pode comprometer o ponto de não-retorno da Amazônia.
Segundo a pesquisa, as questões que envolvem os crimes ambientais na Amazônia estão associadas a modelos predatórios de exploração dos recursos da floresta que, nas últimas décadas, tiveram graves impactos nas populações tradicionais como: indígenas, povos quilombolas, comunidades ribeirinhas, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, camponeses e pescadores artesanais.
O estudo analisou dois tipos de informações: o monitoramento de áreas pelo PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que constata a ocorrência dos fenômenos, e os registros criminais das Delegacias de Polícia Civil dos estados da região.
A pesquisa mostra que nos últimos 50 anos a região amazônica vem sendo palco de um avanço significativo do desmatamento alternativo do solo, como a exploração ilegal de madeira e a agricultura mecanizada em larga escala.
“Na evolução geoespacial do desmatamento na Região Amazônica ao longo dos três últimos anos, é possível identificar alguns vetores de expansão do fenômeno. O primeiro é extenso corredor que parte do município de Alta Floresta, no Mato Grosso, em sentido Oeste, passando pelo estado de Rondônia até sua capital, Porto Velho, e em direção ao estado do Acre, margeando a BR-364 até o extremo oeste do Brasil, na fronteira com o Peru. Neste corredor, a exploração madeireira é intensa, e que ainda aparece como a principal atividade. Contudo, em áreas já consolidadas pelo desmatamento, a atividade madeireira deu lugar à agricultura mecanizada”.
Reservas extrativistas afetadas
A Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná sofre com o avanço da fronteira agrícola, expansão da atividade madeireira, grilagem de terras e monocultura em larga escala.
O estudo também aponta que a Resex Chico Mendes, historicamente conhecida pela resistência dos seringueiros, também sofre com os mesmos avanços.
*Por Marcos Miranda, estagiário sob supervisão de Daniele Lira, do Grupo Rede Amazônica