Desmatamento na Amazônia registra o segundo maior acumulado dos últimos 15 anos, aponta Imazon

Em outubro de 2022, o Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon detectou 627 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal.

O desmatamento na Amazônia continua avançando em ritmo acelerado. Segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), de janeiro a outubro, foram derrubados quase 10 mil km² de floresta, o equivalente a mais de seis vezes a cidade de São Paulo.

O que mais preocupa os pesquisadores é o avanço do desmate sobre o Norte do Pará, onde está o maior bloco de áreas protegidas do mundo e a maior árvore do bioma. 

Esse foi o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, sendo apenas 0,5% menor do que o mesmo período em 2021. Os monitoramentos da floresta por imagens de satélite acontecem desde 2008.

Atualmente, o Brasil é o quinto maior emissor do mundo e, em 2021, o setor de mudança no uso da terra foi responsável por quase metade das emissões do país. Isso ocorreu principalmente devido ao aumento do desmatamento da Amazônia, região responsável por 77% das emissões causadas pela mudança no uso da terra, conforme o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima.

“Entre os dez municípios brasileiros que mais emitem gases do efeito estufa, oito estão na Amazônia, de acordo com o SEEG. O segundo município que mais emite no Brasil é São Félix do Xingu, no Pará, que no mês de outubro ficou em terceiro lugar no ranking dos mais desmatados na Amazônia. Isso torna ainda mais evidente a relação entre a perda de floresta e o aumento do aquecimento global”, 

afirma a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos.

Apenas em outubro, a Amazônia teve 627 km² desmatados, uma área quase três vezes o tamanho de Recife. Essa devastação foi a terceira maior da série histórica para o mês, ficando atrás apenas do registrado em 2020 e de 2021.

Somente o Pará foi responsável por desmatar 351 km² em outubro, 56% do que foi registrado em toda a Amazônia. A Destruição tem invadido áreas protegidas do Estado, onde estão sete das 10 unidades de conservação e quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas em outubro. 

O território Apyterewa, que vem sofrendo mensalmente com a invasão de desmatadores ilegais, concentrou 46% do total de floresta destruída dentro das terras indígenas da Amazônia.

Foto: Christian Braga/Greenpeace

Além disso, a derrubada da floresta está se aproximando da região Norte do Pará, onde está o maior bloco de áreas protegidas no mundo. Uma delas é a Floresta Estadual do Paru, que ficou em 5° lugar no ranking das unidades de conservação mais desmatadas na Amazônia. 

O local ganhou repercussão internacional após uma expedição apoiada pelo Imazon, em setembro, ter encontrado a maior árvore da Amazônia: um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência.

“É desesperador ver o desmatamento invadindo a Flota do Paru, unidade de conservação que o Imazon ajudou a criar e apoia a implementação há 16 anos. Estamos vendo a grilagem e o garimpo avançarem no território, colocando em risco o extrativismo de castanha-do-pará e o manejo florestal, práticas sustentáveis. Além da maior árvore da Amazônia, a Flota do Paru também tem diversas espécies endêmicas, como são chamadas aquelas que só existem em uma determinada região. Também é uma área importante para conter as mudanças climáticas e possui um potencial enorme de ecoturismo e extrativismo vegetal, podendo gerar renda com a floresta em pé. Por isso, não podemos perder nosso patrimônio para esses infratores, precisamos da fiscalização e da implementação efetiva do plano de manejo para barrar a destruição”, 

afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota do Paru.

Arte: Reprodução/Imazon

Outro problema apontado pelo monitoramento do instituto foi a alta na degradação florestal causada pelas queimadas e pela exploração madeireira. Esse dano ambiental passou de 537 km² em outubro de 2021 para 1.519 km² no mês passado, um aumento de 183%. 

Entre os Estados, os maiores responsáveis pela degradação foram Mato Grosso (74%) e Pará (19%). “Por meio das imagens de satélite, conseguimos identificar a maior ocorrência de queimadas, o que contribuiu para a alta da degradação. Além de aumentarem a emissão de gases do efeito estufa, esses incêndios oferecem risco à saúde pública. Existem diversos estudos que associam a fumaça proveniente das queimadas da Amazônia com problemas respiratórios, o que afeta mais gravemente idosos e crianças. E isso não se limita apenas à população amazônica, já que essa fumaça viaja por quilômetros no ar até chegar a outras regiões do Brasil”, observa Bianca.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade