Com as vibrantes cores verde e amarela, as aves se alimentam basicamente de frutas e vivem entre 20 a 40 anos.
A Ararajuba é uma espécie endêmica do bioma amazônico ameaçada de extinção e considerada “vulnerável”, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), o Ministério de Meio Ambiente e a Resolução Coema n° 54. Para transformar essa realidade, o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio) desenvolve o projeto de ‘Reintrodução e Monitoramento das Ararajubas nas Unidades de Conservação da Região Metropolitana de Belém – Belém Mais Linda!’, que é pioneiro no Pará.
“A espécie se encontra extinta localmente na Região Metropolitana de Belém (RMB) e não era avistada em vida livre nos céus da capital desde a década de 1940. Cerca de 80% da espécie natural das aves vive no Estado, por isso é o nosso dever fazer a conservação e proteção dessa espécie”, informa a gerente de Biodiversidade do Ideflor-Bio, Nívia Pereira. As aves sofrem com o desmatamento, biopirataria e com o comércio ilegal de animais silvestres.
Criado em 2016, o projeto já realizou duas solturas, em 2018, equivalentes a 20 animais, concluindo a primeira etapa do processo. “Após a soltura, identificamos que um casal reproduziu, o que é um indicativo de sucesso muito importante para o projeto. Quando uma espécie que foi reintroduzida consegue reproduzir, significa que ela entende que aquele ambiente é o habitat dela e se sente bem”, explica a representante do Ideflor-Bio.
A próxima soltura, que corresponde a segunda fase do processo, está prevista para novembro de 2020, contudo, depende do desenvolvimento das sete aves durante o treinamento, que é realizado nos aviários no Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna.
“As aves que vivem no nosso aviário vieram da Fundação Lymington, de São Paulo, parceira do Instituto desde a primeira etapa deste projeto, do Parque Zoobotânico Vale e do Centro de Triagem do Maranhão, do Ibama, que foram frutos de uma apreensão”, conta a gerente de Biodiversidade.
Reintrodução
Uma equipe com cinco biólogos do Ideflor-bio é responsável por acompanhar o dia a dia das aves que participam do projeto, que estimula a conservação da biodiversidade. A reintrodução não significa apenas a soltura do animal. É composta por um processo que envolve a adaptação ao novo ambiente, ao clima; enriquecimento ambiental, além de treinamentos de voo, fortalecimento e cuidados com a suplementação alimentar para que possam voar livremente na natureza.
Segundo o biólogo da Gerência de Biodiversidade do Instituto, Leonardo Magalhães, todos os cuidados são tomados para que as aves tenham aptidão para voltar para a natureza. “Fazer esse acompanhamento é muito importante, porque, como biólogos, nós temos um olhar diferenciado em relação à ecologia, forma como interagem e que influenciam no treinamento aplicado a cada uma. Tentamos simular no aviário o ambiente que encontrarão após a soltura”, explica.
“O tempo de reabilitação é variável, porque depende da resposta de cada animal. O ideal é que seja o menor possível. Quanto menos tempo eles passarem nos aviários, mais facilmente vão se adaptar à sobrevivência na natureza. Em média, no período de um ano, eles conseguem ganhar peso, curar as asas e estarem aptos para a soltura”, informa a bióloga do Instituto, Renata Emin.
O contato dos animais com os profissionais precisa ser mínimo, porque, segundo Renata Emin, como, infelizmente, o ser humano é o principal predador da espécie, é necessário que as aves consigam se proteger e se defender sozinhas após a soltura.
Resultados
Alguns moradores nas proximidades do Parque Estadual do Utinga, Ananindeua e bairro do Satélite, em Belém, entraram em contato com o Instituto, relatando que viram um grupo de aves voando e colorindo o céu. “Eles já mandaram fotos delas se alimentando de açaí e manga, que são frutos que a gente treina com elas no aviário. É muito legal de ver”, conta Leonardo Magalhães.
Curiosidades
A ararajuba é uma espécie endêmica da Região Amazônica, que ocorre naturalmente em uma faixa estreita desde a fronteira do Pará com o Maranhão até o sudoeste do Estado, na fronteira com o Amazonas. Com as vibrantes cores verde e amarela, as aves da família dos psitacídeos (mesma dos papagaios), se alimentam basicamente de frutas e vivem entre 20 a 40 anos.