Carta de Manaus: cientistas apresentam contribuições para a Cúpula da Amazônia

A carta será apresentada no encontro dos ministros e chefes de Estado, que acontece nos dias 8 e 9 de agosto em Belém (PA).

A ciência da Amazônia precisa ser feita na Amazônia, com investimento de longo prazo, olhar estratégico e em diálogo com os povos da região. A mensagem é de cientistas que participam do evento IANAS Amazon Initiative – Science by and for the Amazon, realizado na quarta (3) e quinta-feira (4), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em Manaus (AM), que buscou gerar contribuições da comunidade científica do continente americano para a Cúpula dos Países Amazônicos.

O evento foi organizado pela Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), com o intuito de apoiar o desenvolvimento de soluções sustentáveis para a Amazônia, baseadas na ciência e na educação. A Carta de Manaus produzida a partir dos debates realizados na capital amazonense será apresentada no encontro dos ministros e chefes de Estado – Cúpula da Amazônia – que acontece dias 8 e 9, em Belém (PA).

De acordo com a presidente da ABC, Helena Nader, se não tiver uma rede de colaboração entre todos os países da Amazônia e uma equidade de fato para os povos que habitam a região “nada vai acontecer”. 

“Acreditamos que, via ciência e colaboração entre os países da Amazônia e os demais das Américas, podemos conseguir ter um impacto na conservação e no uso correto da biodiversidade da Amazônia e com isso ter impacto nas mudanças climáticas”,

destacou Nader.

Foto: Valéria Nakashima/Ascom INPA

A cientista ressalta ainda que os benefícios de manter a floresta conservada precisam chegar aos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas da região. “Nós não podemos esperar que eles mantenham a floresta de pé para o nosso insumo de conforto. O conforto também tem que chegar a eles via educação, aumento da renda, melhores condições de habitação e de comunicação”, defendeu Nader.

Para o vice-presidente da ABC da Região Norte e pesquisador do Inpa, Adalberto Val, ciência e tecnologia (C&T) e capacitação de pessoal são condições essenciais para ter um desenvolvimento sustentável da Amazônia, entendido por ele como processos que conservem o ambiente, mas também viabilizem a inclusão e a geração de renda na região. Para isso, segundo o pesquisador, é necessário aumentar os investimentos em C&T na Amazônia, que recebe apenas 2,5% do total investido nessa área no Brasil. “Nós não queremos um investimento histórico, nós queremos um investimento estratégico para a Amazônia, para que possa ocupar o lugar que lhe cabe no mundo atual”, afirmou Val.

Leia também: Adalberto Luis Val recebe prêmio da Fundação Bunge por contribuição com estudos sobre a Amazônia

Durante o encontro, a secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Márcia Barbosa, adiantou que na Cúpula da Amazônia será anunciada a criação de um projeto pró-Amazônia, com um olhar para as cadeias produtivas e dar escala para algumas espécies da biodiversidade da região, identificando potenciais para o desenvolvimento tecnológico de ponta.

“Há um fundo dentro do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], grande fundo financeiro, que será dedicado à Amazônia. Uma das questões que entrará nesse fundo é termos aqui iniciativas que chamamos de cadeia produtiva. Vamos identificar produções locais e fazer um diálogo com ciência e tecnologia de ponta para que possamos ter o que é produzido aqui – como pirarucu e cupuaçu- em supermercados do Brasil e do mundo”, contou Barbosa.

A mesa de abertura contou com a participação de Márcia Perales, diretora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Braulio Dias do Ministério do Meio Ambiente (MMA), María Alexandra López da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Karen Strier (Ianas), Helena Nader (ABC/Ianas), Marcia Barbosa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação(MCTI/ABC), Antonio Ricarte (Itamaraty), Virgilio Almeida (ABC), Marcos Cortesão (ABC) e a pesquisadora Marina Anciães, que no ato representou a diretora do Inpa, Antonia Franco.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade