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Terça, 23 Abril 2024

Marginalidade tecnológica

Marginalidade tecnológica
Encerrei o artigo da semana passada (Opens external link in new windowSeplancti e as prioridades do Amazonas) citando o meu professor de Economia na Ufam, economista Antonio Iran Gadelha, técnico da Seplancti. Defendo a ideia segundo a qual  o processo de avanço tecnológico, seja na expansão e diversificação de cadeias produtivas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) seja na exploração dos recursos da biodiversidade, produção de alimentos, piscicultura,  mineração, ecoturismo, bioengenharia, biocosméticos, nanotecnologia ou serviços ambientais demanda altos investimentos no ensino, ciência, tecnologia e inovação..

Ocorre que, segundo o economista Iran Gadelha, volto a citá-lo, “pesquisas, no Amazonas, vêm servindo apenas para justificar, regra geral, diplomas de mestrado e doutorado, seguindo, depois, para a prateleira”. Apesar de ser financiada pelo Estado, os resultados “mantêm-se na  posse do pesquisador, não somando inteligência, não chegam a ser apropriada pela inovação, nem divulgada para a sociedade”. Vício altamente danoso que, segundo Gadelha, o governo precisa solucionar via governança do sistema de P&D, do qual o CBA seria o centro..

Muito poucas pessoas, ao que percebi de opiniões emitidas sobre a questão no Facebook, em Portais ou por e-mail se deram conta da gravidade dessa afirmativa. Dentre os raros comentários a respeito, o cientista do Inpa, Charles Clement, foi fundo na questão. Por e-mail afirmou o seguinte: “O que Iran Gadelha fala tem explicação, guardando coerência com as teses que você insistentemente vem defendendo em sua coluna sobre investimentos em P&D”. A questão, efetivamente, reside em como promover os investimentos de forma adequada, casando campos prioritários e políticas públicas consentâneas, de efeito prático e aceitabilidade pelo mercado..

Afirma Clement:: “Hoje o CNPq, a Fapeam et al. escolhem linhas mestras gerais e deixam os pesquisadores decidirem o que fazer. Vai resultar no quadro traçado por Gadelha”. Simplesmente porque “não há nada para conectar os pontos, considerando ainda que investir sem planos concretos é da tradição na CT&I nacional. Aqui no Amazonas o projeto Fapeam Estratégico, que vem alimentando fortes expectativas  não avança”. A propósito, o que pensam os ex e o atual governador do Estado, secretários de Planejamento, a diretoria da Fapeam a respeito? Ainda não consegui captar sinais claros sobre a questão.

Relevante, sob qualquer enfoque, a defesa de intervenções públicas voltadas à diversificação do PIM via bioeconomia. A questão básica, contudo, reside em como chegar lá, como definir que cadeias industriais exatamente podem ser exploradas no curto e médio prazo e quais as reservadas ao longo prazo. Segundo estudo publicado agora em março pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “o poder e o potencial das tecnologias e dados digitais para indivíduos, governos e empresas dependem de seu uso efetivo”. Nesse sentido, segundo a Organização, a saída é “promover a adoção, a difusão e o uso efetivo de ferramentas digitais avançadas, inclusive promovendo o investimento em TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação, que podem ser entendidas como um conjunto de recursos tecnológicos que proporcionam um novo modo de se comunicar) e ativos intangíveis, especialmente para as PME”.

Por conseguinte, governo e empresas devem se adequar a essa nova realidade por meio da adoção de automação, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), machine learning, entre tantas outras tecnologias que permitem capturar e analisar uma grande quantidade de dados, e assim gerar campo proativo onde possam conversar entre si, viabilizando a aplicação de tecnologias demandadas pelas novas cadeias produtivas. Traduzindo, a base da indústria 4.0. Novo mundo com o qual somos obrigados a estabelecer nível de convivência propositiva. Um mundo onde não há espaço para tergiversações,  acomodações, evasivas e incompetência. A alternativa é a marginalidade tecnológica.

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