O Observatório Atmosférico da Amazônia tem um dos sete aparelhos em operação no país.
Com uma localização que pode variar de 80 quilômetros até mil quilômetros acima da superfície terrestre, a ionosfera é uma das camadas da atmosfera que sofrem a ionização da radiação solar. Qual o impacto disso no clima do planeta? Essa e outras respostas podem ser encontradas nos dados coletados por equipamentos instalados no Observatório Atmosférico da Amazônia do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), instalado na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Pará (Ufopa).
O professor Lucas Vaz Peres, lotado no IEG e docente do curso de Ciências Atmosféricas da Ufopa, salienta a importância desses equipamentos para a região:
“Através das longas séries de dados gerados, vários pesquisadores brasileiros e da América do Sul poderão verificar o quanto o clima e as diferentes camadas atmosféricas estão sendo impactados pelas variabilidades naturais do sistema ou por mudanças climáticas associadas aos seres humanos”.
O magnetômetro Embrace-19 é o equipamento utilizado para medir o campo magnético da terra. Já o interferômetro de Fabry-Perot faz medições da ionosfera, em torno de 250 km de altura, atingindo a ionosfera. Essa camada atmosférica é importante para as telecomunicações e para o Sistema de Posicionamento Global (GPS).
O imageador All-Sky mede a dinâmica da altura da atmosfera situada entre 80 e 125 km, na mesosfera. O espectrofotômetro Brewer faz medidas da camada de ozônio e da radiação ultravioleta e aerossóis.
Os dados gerados por esses equipamentos começaram a ser gerados em 2017, com a criação da primeira estação meteorológica do curso de Ciências Atmosféricas (IEG); em 2020 foi instalada no laboratório a plataforma solar do projeto Sonda; e em 2022 as medidas de alta e média atmosfera começaram a ser realizadas, informou Vaz Peres.
“A partir desses dados nós vamos conseguir medir as mudanças climáticas nos diferentes níveis atmosféricos. A junção de todas elas num único ponto está ocorrendo aqui em Santarém, na estação implantada na Fazenda da Ufopa, e a partir delas vamos conseguir ver como as flutuações climáticas afetam as diferentes alturas da atmosfera, e assim poder entender melhor esse processo físico e químico das mudanças climáticas”,
completou.