Laboratório flutuante vai produzir açaí em pó na foz do Rio Amazonas no Amapá

Estrutura entregue pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) fica no Arquipélago do Bailique.

Um laboratório-escola flutuante na foz do Rio Amazonas busca inovar, melhorar e desenvolver a economia do Arquipélago do Bailique, no Amapá. Uma das apostas é transformar a polpa do açaí em pó, extraída de uma região de açaizal que foi a primeira a ser certificada internacionalmente.

Entregue à população da comunidade rural do Arraiol no dia 5 de dezembro, o Laboratório-Escola Flutuante integra o projeto do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) da Agrobiodiversidade Bailique – Rio Grande, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que financia o programa desde de 2016.

Foto: Divulgação/Amazonbai

O projeto CVT do Bailique é o único que possui o açaizal com certificação FSC (Rainforest Alliance) de manejo sustentável do mundo, e também acumula a certificação de produto vegano da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e o Selo Amapá de produto do Meio do Mundo. Com o laboratório equipado para transformar a polpa do fruto em pó, a ideia do projeto é agregar ainda mais valor ao açaí.

O coordenador do CVT Bailique, Jorge Alberto Costa, comentou que, com a certificação, o valor de venda do quilo do açaí saltou de R$ 0,25 para R$ 1,75. E ele pontua que o processo de desidratação de alta tecnologia mantém as características nutritivas do produto.

“Com o liofilizador [que seca o produto sem aquecê-lo], os produtos do açaí entram em um novo momento. O açaí liofilizado é vendido em países como Estados Unidos e na Europa a 1 mil dólares o quilo. Esse é o ganho que a comunidade pode ter: produtos de melhor qualidade e retorno em renda e recursos para a comunidade e para a escola-família. O valor é 20 mil vezes maior do que o açaí in natura normalmente comercializado pelos produtores”,

avalia o coordenador do Centro.

O laboratório tem cerca de 200 metros quadrados, que comporta sala de aula, laboratório, cozinha, almoxarifado e dormitório. Ele é abastecido com energia fotovoltaica captada por painéis solares.

O MCTI descreveu que a ideia de usar uma estrutura flutuante para o laboratório considera a geografia das 12 ilhas do Arquipélago que é formada por sedimentos e que ao longo do tempo podem sofrer deterioração e, assim, o laboratório-escola pode ser removido de local.

Foto: Divulgação/

O objetivo, de acordo com o Ministério, é contribuir para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais, por meio da formação de recursos humanos e da agregação de valor à cadeia produtiva do açaí, base da economia local. “Esse é um exemplo de como a floresta pode ser explorada de modo sustentável, gerando renda e qualidade de vida para a comunidade local”, afirma o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales.

O laboratório é coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), e é realizado em parceria com a Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA), a Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

O local foi planejado com base no Protocolo Comunitário de 2013, elaborado pela comunidade local. Em 2015, o MCTI assinou um termo de execução descentralizada com a FURG e em 2017, e a primeira turma do curso técnico em alimentos da agrobiodiversidade foi formada.

O laboratório-escola pode agora receber as atividades práticas desse curso técnico. Antes, as aulas eram ministradas de modo adaptado no Centro de Eventos da comunidade de Arraiol.

Foto: Jorge Júnior/Rede Amazônica

Formação 

O curso de técnico em alimentos da agrobiodiversidade inclui disciplinas como direito ambiental, microbiologia, bioquímica de alimentos, biotecnologia, cooperativismo, segurança alimentar e nutricional.

A metodologia das aulas é de alternância, pela qual os jovens ficam 15 dias na escola e 15 dias nas comunidades. Em três turmas, o curso já formou 53 jovens de 16 comunidades e o MCTI diz que a quarta turma está em andamento.

Os alunos do curso também puderam participar de oficinas de construção de sistema solar fotovoltaico, aula de gestão comunitária e compartilhada, de tecnologias sociais e construção de tratamento domiciliar de água. 

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