Troca acontece a partir de projetos desenvolvidos no Amapá, Amazonas e Rondônia
Como conciliar a permanência da população local com a proteção ambiental de Unidades de Conservação? De que forma os agricultores familiares podem recuperar áreas degradadas? Como evitar o declínio da capacidade das florestas tropicais em fornecer serviços ecossistêmicos? Os palestrantes da mesa-redonda, realizada na última quinta-feira (25), no seminário “Experiências em Serviços Ecossistêmicos”, mostraram como alguns projetos são capazes de preservar o meio ambiente e promover a geração de renda.
Um dos exemplos é o projeto desenvolvido pela Okearô Soluções Socioambientais na Área de Preservação Ambiental (APA) da Fazendinha, no Macapá (AP). O projeto visa à proteção ambiental, por meio do uso racional dos recursos naturais, como também oferecer alternativas econômicas sustentáveis para a comunidade residente na área de 137 hectares.
“Temos uma preocupação com a comunidade local e acreditamos que é possível sustentar melhorias para o bem-estar dos moradores e oportunidades para geração de renda”, declarou Verena Almeida.
O projeto para a APA da Fazendinha foi estruturado a partir do manual sobre de Integração dos Serviços Ecossistêmicos ao Planejamento do Desenvolvimento (ISE). A abordagem, de acordo com Verena Almeida, proporcionou o estabelecimento de um processo participativo, de fácil operacionalização e eficiente mesmo com poucas informações para um público heterogêneo. Ao apresentar o passo a passo do ISE, ela destacou, entre outros resultados, o mapeamento de potenciais financiadores e parceiros para articulação de projetos futuros.
Acompanhamento dos agricultores
Entre 2013 e 2018, 505 propriedades rurais de agricultores familiares dos municípios de Itapuã do Oeste, Cajubim e Machadinho D’Oeste, localizados em Rondônia, foram atendidos pelo projeto “Quintais Amazônicos”. O projeto executado pelo Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia RioTerra acompanhou mais de 1 mil famílias, desde o auxílio na inscrição do Cadastro Ambiental Rural (CAR) até a implantação de ações para recuperação de áreas degradadas com adoção de Sistemas Agroflorestais (SAFs).
Na avaliação de Fabiana Gomes, o êxito do projeto se deve, entre outros fatores, ao monitoramento e avaliação do processo de restauração na propriedade. “Foram feitos diagnósticos e constantes avaliações das áreas em processo de recuperação ambiental. Mesmo não sendo nosso objetivo inicial, conseguimos a inclusão de 471 agricultores em programa de Pagamento por Serviços Ambientais. O custo para esses pagamentos foi em torno de 440 mil reais”, disse.
Com o sucesso do “Quintais Amazônicos”, o Centro RioTerra ampliará o atendimento para 1.500 propriedades rurais, perfazendo uma área total de 3 mil hectares em 12 municípios.
Menos degradação ambiental
Reduzir e transformar práticas danosas ao meio ambiente, responsáveis pela degradação ambiental e emissões de gases de efeito estufa, é o objetivo do projeto Mamirauá: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação. O Projeto BioREC, como é conhecido (Bio de biodiversidade e REC de redução das emissões de carbono), é desenvolvido, desde 2013, pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, em Tefé (AM).
A estimativa, segundo Cláudio Anholetto Júnior, é de que mais de 13 mil pessoas já tenham sido beneficiadas, direta ou indiretamente, pelo BioREC. O projeto atua em em diversas linhas formadas por um grupo de atividades. As linhas de atuação são ecologia florestal, educação ambiental, manejo de agroecossistemas, manejo florestal, monitoramento ambiental, e proteção ambiental.
Entre as ações realizadas no projeto, o representante do Instituto Mamirauá ressaltou a capacitação e assessoramento de multiplicadores agroflorestais, a implantação de sistemas de energia solar para apoiar o resfriamento e armazenamento de polpas de frutas, a realização de inventário e monitoramento de espécies florestais, a recomposição de áreas degradadas com espécies nativas, além da experimentação do processo de produção familiar, beneficiamento e comercialização de óleos vegetais.
O “Seminário Experiência em Serviços Ecossistêmicos – Amazônia”, realizado de 23 a 26 de março, pela Embrapa Territorial, é uma ação do projeto ASEAM, um dos 19 estudos da Embrapa que recebem financiamento do Fundo Amazônia, e componentes do Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz).
As mesas-redondas do evento estão disponível no canal da Embrapa no Youtube.