Serão disponibilizadas 50 bolsas de estudo, no valor de R$ 1 mil, por mês, além de um computador portátil
O Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN) e a mineradora Vale vão conceder bolsas para estudantes indígenas regularmente matriculados em cursos de graduação em instituições de ensino superior públicas e privadas no Brasil.
Serão disponibilizadas 50 bolsas de estudo, no valor de R$ 1 mil, por mês, além de um computador portátil para os alunos que atenderem os critérios estabelecidos.
Entre os critérios está a apresentação de projetos que tragam benefícios às comunidades indígenas, nos campos da educação escolar, gestão territorial e ambiental, saúde, fortalecimento da associação indígena, entre outros. As propostas podem ser inéditas ou de aperfeiçoamento de ações já em curso nas aldeias.
O Programa Bolsas para Estudantes Indígenas no Ensino Superior foi lançado ontem (9), Dia Internacional dos Povos Indígenas, e integra o Programa Indígena de Permanência e Oportunidade na Universidade (PIPOU), do ISPN.
Nesse primeiro edital, podem se inscrever estudantes dos povos Parkatêjê, Kyikatêjê e Akrãtikatêjê (Terra Indígena Mãe Maria, no Pará); Guajajara (Terras Indígenas Rio Pindaré e Caru, no Maranhão); Tupiniquim e Guarani (Terras Indígenas Tupiniquim Guarani, Caieiras Velhas II e Comboios, no Espírito Santo); e Krenak (Terras Indígenas Krenak, em Minas Gerais).
As inscrições se estenderão até o dia 10 de setembro no site do ISPN. O resultado do processo seletivo será divulgado no dia 30.
De acordo com a Vale, a ideia é ampliar o projeto em 2022, contemplando estudantes de todos os povos e terras indígenas do país. O processo de seleção dos candidatos será conduzido por equipe técnica da Vale e do ISPN, além de especialistas na área da educação.
Agenda positiva
O coordenador do Programa Povos Indígenas do ISPN, João Guilherme Nunes Cruz, disse que a parceria visa construir uma agenda positiva e diminuir as dificuldades enfrentadas pelos estudantes indígenas para permanecer nas instituições de ensino superior.
“Nós já temos um avanço significativo de políticas para o ingresso, mas os desafios para que essas pessoas concluam seus estudos são muito grandes e não estão circunscritos à questão financeira”.
Segundo Nunes Cruz, há desafios de adaptação pessoal, de adaptação curricular, de relacionamento com as estruturas das universidades, com políticas de acolhimento dos estudantes, além da saudade de suas casas.
“Todos esses fatores alimentam os índices de evasão desses estudantes. A gente pensou em um programa que pudesse contribuir com essas questões.”
Além da concessão da bolsa, o edital envolve outras estratégias, como ter um colegiado participativo para pensar os rumos e fazer a análise do que está dando certo ou não. A partir do ano que vem, o colegiado vai decidir a abrangência do programa e estender o benefício para outras regiões do país.
“Vai ser no âmbito desse projeto piloto que isso será decidido”, explicou Cruz. Para a próxima etapa, o coordenador revelou que haverá outras atividades incorporadas, como o sistema de tutorias para algumas disciplinas.