Manaus 30º • Nublado
Quinta, 25 Abril 2024

Fim de barreira sanitária permitirá retomada da exportação de frutas de RR

Fim de barreira sanitária permitirá retomada da exportação de frutas de RR
Após cinco anos de restrições, produtores de Roraima esperam a retomada da exportação de frutas do Estado no próximo mês de fevereiro. A volta da comercialização é uma promessa do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi, feita em dezembro de 2016. A medida é resultado da criação de uma Instrução Normativa para por fim à barreira sanitária em vigor no Estado desde 2012 por causa da mosca da carambola. Atualmente, a restrição proíbe a exportação de frutas para o restante do Brasil ou exterior.

A barreira imposta pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) serve para impedir o avanço da mosca da carambola, que entrou no Brasil pela fronteira com a Guiana e é registrada em Uiramutã, Pacaraima, Normandia e Bonfim. O mal atinge frutas como carambola, goiaba, manga, laranja, caju, jaca, acerola, tomate e pimenta. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr) não informou o tamanho da produção e do faturamento do Estado com o cultivo das espécies.
Foto: Reprodução/Ministério da Agricultura
Na opinião do presidente da Aderr Vicente de Paula, a chave para combater a mosca da carambola no Estado está em ações parceiras com os países vizinhos. "Sem o trabalho em conjunto com outros países, o Brasil inteiro corre risco de que - em algum momento - a praga ultrapasse a barreira sanitária e se transforme em um problema nacional agrícola", diz.

Com a liberação, os produtores de Roraima esperam um aumento da safra em 2017. Um deles é o produtor de mangas Airton Cascavel, que já teve mais de 80 funcionários trabalhando em plantações. Ele não revela quanto produzia antes da imposição da barreira sanitária, mas diz que a sua produção caiu para mil toneladas de manga por ano e o número de empregados para 30.

Cascavel conta que municípios que nunca tiveram um caso da mosca da carambola ficaram presos pela barreira sanitária e tiveram suas produções prejudicadas. "A produção de manga, um dos produtos mais fortes de Roraima, caiu. O tomate está praticamente se estragando. A instrução normativa vai ser positiva porque vai trazer mais investimentos, aumentar empregos e dar possibilidade para que o potencial agrícola do Estado seja desenvolvido", avalia Airton.

Expectativa

Em reunião com produtores roraimenses em Brasília, em dezembro de 2016, o ministro Maggi disse que o Mapa providencia uma Instrução Normativa que permitirá aos municípios do Estado, sem a presença da mosca, vender frutas para outros estados. Em vídeo dirigido aos produtores, ele diz que a medida será publicada até fevereiro de 2017 e que levará a notícia pessoalmente. Assista: 

A Aderr diz que o Mapa analisa a medida há mais de um ano. A reportagem do Portal Amazônia entrou em contato com o Mapa na quinta-feira (19), para confirmar a data da divulgação da Instrução Normativa, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.

Mosca da carambola

Com o nome científico de Bactrocera carambolae (da família Tephritidae), a mosca da carambola é considerada uma ameaça à fruticultura mundial. Segundo a entomóloga do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Beatriz Ronchi Teles, a praga é uma espécie introduzida, vinda da Ásia, que chegou ao Brasil pelo Suriname e Guiana Francesa. 
Com 30 dias de vida, a fêmea da espécie pode ser fertilizada e começa a colocar seus primeiros ovos nos frutos hospedeiros. Ela põe em média de 1,2 mil a 1,5 mil ovos durante sua curta vida de 126 dias. Na busca por onde deixar seus ovos, a mosca da carambola consegue voar até cinco quilômetros.

"A fêmea da espécie coloca os ovos dentro dos frutos, que após a eclosão serve de nutriente para as larvas. Depois de totalmente destruídos pelas larvas, os frutos apodrecem e caem no chão. Na superfície terrestre, as larvas se transformam em novas moscas. Diferente da espécie de mosca brasileira nativa, a espécie da mosca da carambola não tem predadores naturais por ser uma espécie introduzida, então consegue se multiplicar exponencialmente, caso não haja medidas de controle”, explica a pesquisadora.

Para evitar a proliferação da mosca da carambola, o Mapa orienta as seguintes medidas:

- Não transportar frutos de locais infestados para outras áreas. Os frutos podem estar com ovos ou bicho-da-fruta, que vão se reproduzir e infestar outras regiões, com sérios prejuízos para todos;

- Recolher os frutos caídos no chão e colocar em sacos plásticos fechados. Deixar por sete dias ao sol e depois enterrar;

- Não mexer nas armadilhas colocadas em caramboleiras, mangueiras, jambeiros e goiabeiras, que servem para indicar a existência da mosca em sua cidade;

- Avisar imediatamente as autoridades do município ou do estado se notar ou souber da existência da mosca da carambola na sua comunidade;

- Repassar as informações para outras pessoas, para que elas ajudem a combater a mosca da carambola. Todos precisam colaborar, para que as pessoas e o país não sofram com a perda de renda e a falta de emprego.

Veja mais notícias sobre Economia.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://portalamazonia.com/