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Sexta, 26 Abril 2024

Conheça o acervo patrimonial do Amazonas em Manaus

MANAUS - Atual superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Almir de Oliveira, é arquiteto e urbanista, formado pela Universidade de Brasília (UnB), com especialização em Antropologia na Amazônia e mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia, ambos pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Em Manaus, desde 1988, sempre atuou junto as questões do patrimônio histórico, sobretudo na pesquisa sobre patrimônio imaterial das culturas autóctones da Amazônia.Desde 1937, quando o IPHAN foi criado, até os dias de hoje, a noção de patrimônio cultural brasileiro foi bastante ampliada. Se na década de 1930, apenas os bens de pedra e cal eram considerados patrimônios, hoje os saberes, as expressões, as celebrações, os lugares, as paisagens, os sítios arqueológicos, além de outros tantos elementos, também podem ser reconhecidos como bens patrimoniais.“Em relação à esfera federal (Iphan), temos um rico acervo patrimonial reconhecido no Estado do Amazonas. Cinco bens materiais tombados: o Reservatório do Mocó, o Teatro Amazonas, o Mercado Adolpho Lisboa, o centro histórico de Manaus e o Encontro das Águas; com exceção do último, todos localizados na nossa capital. Três bens imateriais registrados: Ofício de Mestres e Roda de Capoeira, o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e a Cachoeira de Iauaretê (além de dois bens em processo de reconhecimento: o Complexo Cultural do Boi-bumbá do médio Amazonas e Parintins e o Ofício das Tacacazeiras da Região Norte). Em relação à arqueologia, temos cerca de 1000 sítios arqueológicos conhecidos, dentre os quais 340 já estão cadastrados”, aponta. A superintendência do IPHAN no Amazonas é responsável pela gestão das ações relativas a esse patrimônio.
Bar CaldeiraNo dia 14 de janeiro deste ano, um dos bares mais tradicionais da cidade, o Caldeira, completou 52 anos de história. Frequentado por intelectuais e personalidades de Manaus e do Brasil, o local coleciona histórias. Bar localizado na Rua José Clemente, 237, esquina com a rua Lobo D’Almada, Centro, foi fundado em 1963 por uma família de imigrantes portugueses, o espaço se chamava anteriormente mercearia Nossa Senhora dos Milagres. Em 14 de janeiro de 1970, a explosão de uma das caldeiras da Santa Casa de Misericórdia matou duas pessoas e feriu outras 15. Desde então, as pessoas começaram a se referir ao estabelecimento como ‘aquele perto de onde explodiu’ a caldeira.
Apelido acabou se tornando o nome oficial do bar. A data do acidente também passou a ser aquela em que se comemora a inauguração do estabelecimento. Frequentado por intelectuais e personalidades de Manaus, o Caldeira foi visitado em 1974 por Vinicius de Moraes. Segundo relatos dos frequentadores mais antigos, ele teria bebido e cantado com os presentes. Um bilhete escrito de próprio punho pelo poeta atesta: “Declaro, proclamo e assino que [...] estive no ‘Caldeira’, na boa e carinhosa companhia dos maiores boêmios de Manaus. E adorei.” Além de Vinicius, outros nomes como Jair Rodrigues, Jamelão e Sílvio Caldas também passaram pelo Caldeira. Tradicionalmente restrito a clientes antigos, o Caldeira vive uma fase de abertura com shows de samba, pagode e música amazonense, além de tributos a nomes como Noel Rosa, Cartola e o próprio Vinicius de Moraes. O Caldeira exalta todas as expressões artísticas, tendo uma Galeria de Artes onde são realizadas exposições, além de recitais de poesia e shows musicais. Bar do ArmandoMesas na calçada, blusas penduradas no teto, bandeiras e bonecos dividindo o espaço das paredes com as bebidas. Este é o Bar do Armando, situado na Rua 10 de Julho, 595, no Largo de São Sebastião. Um dos estabelecimentos mais tradicionais de Manaus, conhecido pelo famoso sanduíche de pernil e pelos bolinhos de bacalhau, o antigo ponto de encontro de artistas e políticos da capital virou um ponto turístico popular que encanta pelo ambiente nostálgico, de boemia e a bela vista do Teatro Amazonas. O português Armando Dias Soares fundou o bar na década de 1970. O local ficou muito popular entre os artistas e políticos da capital, se tornando um “point” para os boêmios intelectuais. O lusitano veio para Manaus em 1953 e morreu em abril de 2012, aos 77 anos, vítima de falência múltipla de órgãos. Era conhecido por servir seus clientes com um avental azul. Fundada em 1987, a festa leva foliões boêmios da capital a invadirem as ruas no carnaval, da avenida Eduardo Ribeiro até a avenida Getúlio Vargas, com letras que fazem críticas ao cenário político local.Nas paredes do Bar do Armando também estão as bandeiras dos países que disputaram a Copa do Mundo em Manaus, em 2014. Reunindo profissionais dos mais variados setores formais e informais da sociedade, o bar é também um centro de informações privilegiadas, um caldeirão onde são temperados os mais diferentes assuntos.Bar JangadeiroAberto há 67 anos, localizado estrategicamente no centro histórico de Manaus, o Jangadeiro Bar, que antes era um espaço da velha boemia amazonense, se modernizou e se transformou no ponto de referência diária para estudantes, médicos, advogados, jornalistas e escritores, dentre outros profissionais. Nos anos 1950, ele servia como sede informal dos políticos ligados ao trabalhismo, como Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho. Situado próximo ao antigo Mercado Municipal Adolpho Lisboa, na Rua Marquês de Santa Cruz, 28, Centro, o bar criou sua banda de carnaval em 2003 e, desde essa data tem homenageado em suas edições os povos do Oriente, representados, principalmente, pelos comerciantes da área.Desfile da banda inicia na rua dos Andradas seguindo até a igreja dos Remédios, desce em seguida a rua Miranda Leão e retorna ao ponto de partida. Uma das atrações da banda são seus sete bonecos gigantes que representam os sete pecados capitais. A cada ano, cerca de 10 mil pessoas se divertem na banda que encerra suas atividades pontualmente às 21h do sábado anterior ao sábado magro.Bar do CarvalhoBar do Carvalho é uma referência no bairro da Cachoeirinha. José Carvalho, 93 anos, seu proprietário, conta que o prédio é de 1913 e nele funcionou o comércio de estivas de Esteves & Neves até 1923 quando o seu pai, o rico comerciante português José Maria de Carvalho o comprou e continuou com o negócio. Após a derrocada do comércio da borracha, José Maria ficou pobre e fechou o prédio. Somente em 1955, José Carvalho o reabriu e o mantém aberto até os dias de hoje. Esquina onde está localizado o bar, já foi palco de muitos noticiários policiais de antigamente, tudo por causa dos inúmeros acidentes automobilísticos com vítimas fatais que aconteciam por ali, ceifando a vida de muitas pessoas, tanto que o local ficou conhecido como “Curva da Morte”.

Segundos relatos postados no Blog do Carvalho, o bar não tem outro igual, tem-se a impressão de se estar diante de um bar, ou seria um armazém, ou então uma loja de materiais de construção. Antigamente vendia agulhas, linhas, botões, zíperes, ferramentas, material de limpeza, bilhas, potes, areia, tijolos, cimento, quinquilharias. Atualmente a direção do Bar do Carvalho é revezada entre dois dos 10 filhos do Carvalho, Ordep e Rausemberg. Apesar de o local ser conhecido com Bar do Carvalho, José Carvalho disse que o estabelecimento nunca teve nome, e só virou bar quando seus filhos começaram a tomar conta do negócio.

O BotecoNa esquina das ruas Barcelos e Castelo Branco, na alta Cachoeirinha, desde 1955 existe um boteco no formato meia-água. Inicialmente ele se chamou “Boteco da Zeza”, apelido de dona Maria José, mãe do escritor Marcileudo Barros. Depois, cada vez que um dos filhos de dona Zeza começava a gerenciar o boteco, ele passava a incorporar o apelido do sujeito: “Boteco do Mundico” (Raimundo Arnaldo), “Boteco do Kid Márcio” (Márcio Barros), “Boteco do Leudo Brasinha” (Marcileudo Barros) e, atualmente, “Boteco da Lió” (Leonor Barros). Era uma casa velha, coberta de palha, na esquina da Av. Waupés (hoje Av. Castelo Branco) com a Av. Barcelos, nº 2039. Um dia foi demolido a martelada, isto mesmo. Depois de retiradas algumas vigas de sustentação, um dos trabalhadores deu-lhe uma forte martelada à guisa de chamar os colegas para o início da demolição. Não foi preciso. Construíram o novo. Modelo meia-água, coberto com telhas.Permanece até hoje no mesmo local de sempre. O Boteco era o teatro onde se desenrolavam muitas peças com numerosos e variados tipos de atores. Era a escola onde se aprendia de tudo, desde curiosidades da História Universal, até como tirar o lixo da pá, mexendo só dois palitos.Bar da CarmosaPrimeira rua do bairro de Educandos a receber nome, Leopoldo Peres, foi aberta pelos próprios moradores em 1928. É onde funciona há 70 anos o Bar da Carmosa. Os moradores a conhecem muito bem, não existe uma pessoa que não seja do bairro do Educandos que não saiba quem é Maria do Carmo Oliveira. Maria é amazonense, conhecida como “Carmosa”. Pela contagem são quase 70 anos de atividades como comerciante iniciadas com o pai Manoel Bento, muito conhecido pelos antigos moradores da Cidade Alta, na década de 1950, como negociante de estivas em geral. Após a morte do pai, do tio e da mãe, a filha resolveu então mudar de ramo e abriu o famoso Bar da Carmosa, frequentado por pessoas de outros bairros, um ambiente simples e com um atendimento imediato.Bar do CiprianoTradicional Bar do Cipriano, na Av. Ferreira Pena, no Centro, orgulhosamente chamado pelos seus frequentadores de Confraria Bar do Ferrão, foi fundado em 1958 pelo comerciante Joaquim dos Santos Cipriano e atualmente é administrado pelo filho, Francisco França Cipriano, o "Patico", de 69 anos de idade. Muitas personalidades do universo artístico, cultural e da comunicação de todas as partes do Brasil já honraram o espaço com suas visitas. É muito frequentado por empresários e boêmios da velha guarda de Manaus. Todas as sextas-feiras tem som ao vivo com os mais variados repertórios. Local também é muito conhecido em toda Manaus pela conservação de uma tradição católica: a malhação do Judas, onde anualmente são expostos, aos sábados de aleluia, dezenas de bonecos, como forma de crítica aos maus políticos brasileiros.

A malhação do Judas é uma tradição que acontece a mais de meio século, sob o comando do Bar do Cipriano e já faz parte das tradições culturais do Amazonas. Os bonecos ficam expostos, para em seguida serem malhados, apedrejados e queimados.

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