Manaus de antigamente: viagem ao passado na internet

Com os avanços da tecnologia e o fácil acesso à informação por meio da internet e das redes sociais, foi se o tempo em que os momentos mais marcantes da história eram registrados apenas em livros.

E foi com o intuito de compartilhar memórias de um passado de crescimento e conquistas da cidade de Manaus, que a professora de História, Gisela Braga, 34, idealizou a página do facebook ‘Manaus de Antigamente’. A fanpage conta com um grande acervo fotográfico com o registro de diversas épocas que permitem aos seguidores uma verdadeira viagem ao passado.

A ideia que surgiu com um simples trabalho de sala de aula para resgatar a história da cidade, ganhou proporções significativas conquistando mil seguidores em 15 dias, onde alcançou o público de várias idades, principalmente àqueles que vivenciaram as décadas 80 e 90 da bela cidade que já foi conhecida como Paris dos Trópicos.

Foto: Reprodução/Facebook
“Sempre no mês de outubro e setembro eu trabalhava em sala de aula o resgate da história da cidade de Manaus com meus alunos. Em 2013 resolvi fazer um trabalho voltado para as crianças no âmbito da história. Então resolvi criar uma página no facebook para ter um maior alcance. Como eles tinham gostado eu imaginei que outras crianças, adolescentes e jovens pudessem gostar. Na verdade acabei atingindo um público um pouco mais maduro no princípio e nem imaginava que a página fosse ganhar tantos seguidores e crescer e ser reconhecida. Em quinze dias eu alcancei mil seguidores sem ajuda ou patrocínio, sem pedir ajuda ou pagar o facebook e sem fazer nada, apenas postando fotos e falando da minha experiência com a Manaus antiga”, contou a professora.

Apaixonada pela cidade, a professora começou a sua longa odisseia, realizando pesquisas na internet em bibliotecas virtuais e acervos das bibliotecas públicas e da Secretaria de Cultura do Estado (SEC), com o intuito de resgatar o maior número possível de registros fotográficos e informações para a criação da fanpage.

“Quando começei a página eu fiz muitas pesquisas na internet em blogs e em todas a bibliotecas virtuais do governo. Mas, a principal página que encontrei registros foi o site do IBGE que tinha muitas fotos antigas e restauradas. Conforme a página ia crescendo as pessoas iam vendo as fotos e iam ficando mais interessadas e interagindo mais. Muitas tinham fotos antiga de jornais e revistas e começavam a me enviar por e mail e whatsapp. Lembro de uma senhora bem idosa que ligou dizendo que tinha muitas fotos antigas, mas que não sabia escanear e nem enviar via whatsapp e pediu para eu ir na casa dela. Eu fui na casa dela e lá ela tinha foto de 1930 e 1940, fotos bem bonitas que eu escaneei e ela permitiu que fossem publicadas na internet”, disse.

Para a professora, conhecer o passado é fundamental para se construir o futuro, e destaca que iniciativa como esta é importante para que as gerações do presente valorizem e conheçam a história da sua cidade.

“Acredito que mostrando a história para os mais jovens, a gente pode evitar alguns desastres que ocorreram no passado, como por exemplo a devastação da nossa vegetação que em muitos lugares ainda estão preservados. É uma forma de mostrarmos para as pessoas como era antigamente e como estar agora. Mostrar que apesar dos poucos avanços tecnológicos da época havia uma grande preocupação de preservação ambiental. A cidade era mais arborizada, se jogava menos lixo, se pichava cada vez menos, havia menos marginalização. Apesar da cidade na época ser pequena e não ter a Zona Franca existia de alguma forma uma economia e organização, depois que a Zona Franca veio teve uma preocupação política de como manter a cidade limpa e organizada”, disse ela.

Nascida e criada em Manaus, Gisela faz questão de declarar seu amor pela cidade de Manaus, e conta que ao longo da vida testemunhou vários acontecimentos na cidade e pretende registrar e guardar os momentos bons momentos da cidades.

“Nasci em Manaus e estou criando meus filhos aqui. Vi muitas coisas se acabar, vi o Tarumã ser poluído, vi a Praia da Ponta Negra sofrer alterações, eu vi a construção de várias avenidas, eu vi invasões acontecendo, eu vi lojas fechando e eu vi lojas abrindo. Tenho uma relação afetiva, eu não tenho como dizer que é outra relação, eu gosto muito de história e é uma forma de eu demonstrar meu carinho e respeito por essa cidade”, contou.

Criada em setembro de 2013, atualmente a página Manaus de Antigamente conta com 130 mil seguidores e está aberto para as pessoas interessadas pela história da cidade e tenham interesse em contribuir enviando fotos e história para e-mail gisella.vieira26@gmail.com.
Saudade relatada em um blog

Saudosista e apaixonado; o moderno à moda antiga. Três palavras que refletem o espírito de um manauara apaixonado pela sua cidade. É assim que o administrador de empresas José Martins, 61, expressa todo o seu sentimento por Manaus, em cada linha dos seus textos publicado no Blog do Rocha.

José Martins viveu toda sua infância brincando e correndo nas ruas do Centro da cidade, com saudades da Manaus de antigamente, resolveu criar em 2003 o Blog do Rocha, uma homenagem ao sobrenome do seu pai Luthier Rochinha, nordestino nascido no Ceará, a quem ele tinha como um verdadeiro herói em sua vida.

“Tudo começou quando eu estava no bar do Armando com os amigos e tive a ideia de criar um local para escrever e postar detalhes da Manaus da década de 70 onde vivemos grandes momentos. 

Em cada canto e em cada esquina vejo histórias daquela Manaus que me deixa saudades”, disse.
A simplicidade em seus textos demonstram a alegria e o amor de quem escreve com o coração a história de Manaus em seu blog, é dessa forma que Martins de forma humilde se refere a cada palavra escritas.

“Não sou um escritor, e sempre procuro colocar nos textos meus sentimentos e minha saudades da antiga Manaus. 

Aprendendo e vivendo a cada dia levo minha vida de forma positivo. Frequento o bar do Caldeira tradicional no Centro de Manaus e aproveito cada momento com os amigos e sempre que me inspiro escrevo no meu blog”, disse.

José conta que nasceu na Santa Casa de Misericórdia, e o descaso e o abandono do poder público com um lugar tão importante em sua história são motivos que o deixa triste, porque segundo ele a falta de cuidado com esse patrimônio tão importante é como enterrar um pedaço da história de sua cidade.

“Nasci na Santa casa de misericórdia na rua 10 de Julho, ver aquele prédio abandonado é como ver um pedaço de mim acabar. E apesar dos eventuais erros de português procuro fazer o meu melhor porque nada melhor quando que escrever com o coração”, disse.
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