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Quarta, 24 Abril 2024

Inquérito sobre mortes em Pau D'Arco recebe laudo balístico

Inquérito sobre mortes em Pau D'Arco recebe laudo balístico
Foto: Cristino Martins/Agência Pará
O laudo de balística feito nas armas de fogo usadas durante a operação policial que resultou, no último dia 24 de maio, em uma chacina em Pau D’Arco, sudeste do Pará, foi apresentado nesta quarta-feira (12). O resultado foi informado por representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. O caso contabilizou a morte de dez posseiros, na fazenda Santa Lúcia. O laudo foi apresentado durante entrevista coletiva na Segup e será incluído no inquérito que investiga as mortes.

Ao todo foram periciadas 53 armas, onze encontradas no local das mortes. Foram necessários três tipos de exames, entre eles o mais importante, de microcomparação balística, feito 2.945 vezes, que possibilitaram a identificação de parte das armas usadas nas mortes. De uma delas, de patrimônio da Polícia Civil, partiram projéteis que vitimaram duas pessoas. Projéteis de uma arma de poder da Polícia Militar foram encontrados em outra vítima.

Ainda segundo o laudo, cinco pessoas foram mortas por apenas uma arma – uma pistola ponto 40 – que não está entre as 53 encaminhadas para a perícia. “Também não foi possível identificar de onde partiu o tiro que vitimou a única mulher do grupo, por se tratar de uma arma de cano longo, o que não possibilita a averiguação por microcomparação, nem do décimo envolvido, já que os projéteis não tiveram condições de conferência, pois estavam bastante deformados”, explicou o diretor do CPC, Orlando Salgado.

“Cumprimos a missão com responsabilidade e transparência, buscando a verdade, e procuramos fazer isso dentro do prazo. O exame de balística é mais um elemento da investigação, que tem outras provas materiais e, com ele, contribuímos com o trabalho de investigação que está sendo feito”, acrescentou Orlando Salgado.

Verdade

O titular da Segup, Jeannot Jansen disse que a instituição vem trabalhando com isenção, rigor de procedimentos e transparência. “A população é testemunha da nossa determinação e da busca incansável de celeridade. Evitamos precipitações desnecessárias, buscando sempre prudência a fim de que a verdade seja definitivamente esclarecida. Temos tido isenção total na busca incessante das provas e laudos, com o rigor necessário para a apuração completa e transparência”, afirmou.

Sobre a participação do Estado na apuração dos fatos, o secretário ressaltou que “o Pará é absolutamente capaz de buscar a verdade, mesmo que ela seja dolorosa e seja necessário, caso isso se confirme nos laudos e no inquérito, reconhecer que alguns dos agentes traíram o Estado e agiram de forma diferente do padrão e orientação estabelecido. Estamos trabalhando incansavelmente para que os fatos sejam esclarecidos e que uns não paguem por outros”, acrescentou.

Para o delegado geral Rilmar Firmino, a isenção da investigação demonstra a preocupação em esclarecer os fatos. “Do ponto de vista operacional, foi uma operação legal, mas ela teve um desfecho trágico. Os laudos falam. E, pelo que foi apurado, tudo indica que não houve confronto e, sim, um desfecho inaceitável”, pontuou.

Firmino também reforçou que todos serão responsabilizados pelos crimes, caso se confirmem. “Se juntarmos todos os laudos, não tenho dúvida de que não houve confronto. Com as provas materiais, que são os exames balísticos, a reprodução simulada e outros componentes do inquérito, vamos ter condições de confrontar as versões e individualizar a conduta de cada participante para responsabilizarmos criminalmente quem cometeu os delitos”, declarou.

A Segup já encaminhou os laudos para o Ministério Público e para a Polícia Federal. A Polícia Civil deverá concluir em breve o inquérito sobre o caso, com o devido encaminhamento para a justiça.

Prisões 

A Segup apresentou na segunda-feira (10) mais detalhes sobre o cumprimento dos mandados de prisão temporária de 13 policiais que compunham a missão. A prisão temporária foi solicitada pelo promotor de justiça Alfredo Amorim, um dos quatro promotores que conduzem a investigação especial sobre o caso pelo Ministério Público. O documento foi recebido pela Polícia Federal na noite de sexta-feira (7) e cumprido integralmente na manhã de segunda. Os envolvidos se apresentaram espontaneamente.

Ao todo, foram presos onze policiais militares e dois policiais civis. Por se tratar de prisão temporária, conforme decisão judicial, os policiais militares ficarão custodiados nos quartéis da Polícia Militar e os policiais civis, no quartel do Corpo de Bombeiros. Do grupo de militares, oito se apresentaram em Redenção e foram encaminhados na tarde de segunda para Belém. O outro policial militar deve ser encaminhado para a capital na terça-feira (11). Todos ficarão à disposição da justiça para prestar esclarecimentos.

O representante da Polícia Federal destacou a importância da operação em conjunto com o Estado. "No momento em que recebemos a decisão, uma das medidas tomadas foi justamente procurar a Secretaria de Segurança, pois entendemos que esse apoio é fundamental, inclusive na questão logística, com as aeronaves usadas", disse o superintendente da Polícia Federal no Pará, Uálame Machado.

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