Artista revela segredos das alegorias do Festival de Parintins com réplicas em miniatura

Entre as miniaturas que ficarão disponíveis ao público, Marialvo destaca a que representa o “Ritual Kawahiva”, que estreou no festival de 2019

Alegorias que desfilaram durante os rituais no Festival Folclórico de Parintins ganharam versões em miniatura tridimensional pelas mãos de Marialvo Brandão. A curiosidade despertada nos espectadores pelas criaturas míticas no Bumbódromo levou o artista plástico a criar a exposição “Rituais Indígenas – Desvendando Segredos Alegóricos”, que fica aberta ao público no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, em Parintins, desta quinta-feira (16/09) até o dia 25 de setembro.

Com 30 anos de experiência atuando no Boi-Bumbá Garantido, Marialvo chegou a conceber 24 alegorias em toda a sua carreira. Para a exposição, o artista criou réplicas fiéis em miniatura das últimas dez alegorias que produziu. Todas participaram de encenações de rituais no festival. O projeto foi contemplado pelo Prêmio Feliciano Lana, promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, como ação da Lei Aldir Blanc no Estado.

Foto: Divulgação

“Além das alegorias em miniatura, também mostrarei em oficinas, o processo de construção, dimensões, rascunhos, como fazer o corte do isopor, a forma de ampliar a estrutura de ferro e até mostrar as engrenagens que permitem o movimento delas”, detalha Marialvo.

As oficinas também serão realizadas no Liceu Claudio Santoro, voltadas a alunos de Artes Visuais. Tanto a exposição como as ações formativas serão realizadas durante a programação de aniversário de oito anos do Liceu em Parintins.

De acordo com o artista, todo o projeto foi motivado pelo interesse do público nas alegorias. “Pensei nesse projeto para matar a curiosidade do público que vem assistir aos festivais e fica encantando com as construções”, declara o artista plástico.

Foto: Divulgação

Entre as miniaturas que ficarão disponíveis ao público, Marialvo destaca a que representa o “Ritual Kawahiva”, que estreou no festival de 2019, uma das maiores alegorias que o artista já concebeu. O ritual é da cosmologia Kawahiwa-Parintintin, na qual índios caçadores da tribo são preparados, física e espiritualmente, pelo Pajé antes das caçadas na floresta. A alegoria apresentava as criaturas Serpentum – o homem-cobra, e o Acangaçu – a onça preta dente-de-sabre, entre outras.

“Esta é especial para mim, foi a última que eu fiz, em 2019, e foi a mais desafiadora, porque continha 34 esculturas, quase o dobro das últimas nove alegorias que fiz, foi uma das maiores que já desfilou no festival, com 23 metros. A equipe não mediu esforços para concluí-la”, explicou Marialvo.

Além de Marialvo, outros 25 artistas, entre escultores, soldadores, pintores e aderecistas, foram beneficiados com o projeto.

“São artistas renomados que trabalharam comigo no Festival Folclórico nesses 30 anos, e também no eixo Rio-São Paulo. Eles pararam suas atividades por conta da pandemia, e eu fico feliz que pude ajudá-los nesse projeto”, contou. “Outra recompensa que tive foi ter materializado esses últimos dez anos de trabalho, porque é a minha história. Queria fazer algo que ficasse”, declarou. 

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