Ainda vamos ficar por alguns dias em Belém, uma cidade que chama atenção pelas inúmeras atrações o que, certamente, ainda renderá muitas pautas.
Olimpio Guarany, Capitão da Expedição
Vamos atualizar nosso Diário de Bordo da Expedição Pedro Teixeira, a Nova Descoberta do rio das Amazonas.
Ainda vamos ficar por alguns dias em Belém, uma cidade que chama atenção pelas inúmeras atrações o que, certamente, ainda renderá muitas pautas. Além disso, vamos cuidar dos reparos no casco do veleiro Kûara.
Há cerca de duas semanas destacamos aqui os momentos de tensão que vivemos na travessia da baia do Conde, antes de entrarmos no furo do Arrozal, em direção a Belém.
Havia um vazamento quando o barco adernava. Logo que chegamos aqui, procuramos um local para docar o barco, mas tivemos bastante dificuldade. O jeito foi ensecar numa prainha que se forma na maré baixa, em frente a Marina de Belém.
De fato, depois que a maré secou e o barco “sentou” na quilha, a rachadura ressaltou e deu para ver o tamanho do estrago. O susto foi grande, mas segundo o Josué Oliveira, responsável pelos serviços de recuperação, o “trinco” foi na parte interna, não afetando o casco pelo lado de fora. Eu perguntei se a água que detectamos no porão era vazamento externo. Ele disse que não e que a rachadura será restaurada.
Então deixamos o Josué trabalhar e retornamos nossa viagem pela história de Belém que, na verdade, é a história da Amazônia e do Brasil.
Chegamos ao século XIX e entramos no Ciclo da Borracha, no período entre 1879 e 1912 com sobrevida entre 1942 e 1945.
Logo no primeiro período, o mais movimentado e mais rico, transformou Belém numa metrópole mercantil e, ao mesmo tempo, em local de residência e convívio da classe alta e da ampla classe média.
Aqui, o poder da borracha, fez brotar no chão úmido da floresta, um conjunto arquitetônico dos mais belos do país. A aristocracia da época importou da cidade luz, a concepção de palácios, igrejas, praças, teatros. Foi o nascimento de uma Paris em plena floresta amazônica.
Situado no centro da Praça da República, um dos pontos turísticos da cidade, Teatro da Paz é um símbolo da aristocracia da época. Uma obra inspirada no estilo neoclássico que chama a atenção pela riqueza dos detalhes. Quem entra na casa faz uma verdadeira viagem de volta ao século 19.
A imponência de sua estrutura e a decoração com peças e objetos importados da Europa dão a dimensão da grandiosidade da casa. Escadarias em mármore italiano; lustres franceses; busto em mármore de carrara dos escritores brasileiros Jose de Alencar e Gonçalves Dias; estátuas em bronze francês; pisos com pedras portuguesas formando mosaico e coladas com o grude do gurijuba, peixe encontrado na região; paredes e tetos pintados representando as artes gregas.
A sala de espetáculos que originalmente possuía 1100 lugares hoje comporta 900. As cadeiras conservam o estilo da época, em madeira e palhinha adequadas ao clima da região, a balaustrada é toda em ferro inglês folheada a ouro, a pintura em afresco do teto central apresenta elementos da mitologia greco romana fazendo uma alusão ao Deus Apolo, conduzindo a Deusa Afrodite e as musas das artes a Amazônia. No centro do teto foi adaptado lustre em bronze americano, nas paredes a pinturas com motivos florais, o camarote imperial atualmente do governador, situado na primeira ordem de camarotes, é ornamentado com mobília em madeira regional.
O teatro foi construído para satisfazer os anseios da sociedade da época, e o governo da província contrata o engenheiro militar José Tiburcio de Magalhães que dá início ao projeto arquitetônico inspirado no teatro Scala de Milão, na Itália.
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Na próxima semana tem mais.