Ocupação humana em Monte Alegre há mais de 11 mil anos

Acompanhe o Diário de Bordo da Expedição Pedro Teixeira

Foto:  Pedra do Pilão / OGuarany

Olimpio Guarany, capitão da Expedição

Estamos em Monte Alegre, às margens do rio Gurupatuba, no oeste do Pará, distante cerca de 600 km da capital Belém.

Desde que chegamos aqui, nossa expectativa é para visitar o sítio onde foram encontradas pinturas rupestres, lugar onde a arqueóloga americana Anna Roosevelt fez escavações e comprovou a presença humana há mais de 11 mil anos.

Até a metade do século 18, Monte Alegre era conhecida como aldeia dos gurupatubas, quando em 1758 o então governador do Grão Pará, Mendonça Furtado, elevou a categoria de vila dando-lhe o nome de Monte Alegre, o mesmo de uma cidade portuguesa, praxe no governo de Marquês de Pombal na época da colonização portuguesa na Amazônia.

Foto: Monte Alegre / OGuarany

O sítio arqueológico que iremos visitar está dentro do Parque Estadual de Monte Alegre, gerido pelo Ideflor-Bio, órgão do governo do Pará. O local fica distante, aproximadamente, 25 km do porto onde o veleiro Kuara, da Expedição Pedro Teixeira, está atracado. Para nos deslocarmos até lá, contamos com apoio da prefeitura local.

Quem nos acompanha nessa incursão é o engenheiro e historiador, Nelsi Sadeck. Seguem também o guia turístico Livanir Batista e o assistente Maedson Fonseca.

Para chegar ao Parque tivemos que enfrentar uma trilha estreita em meio a floresta. O sítio arqueológico foi encontrado numa área de formações rochosas, chamadas de “Domus de Monte Alegre”. Por essas características geológicas despertou a atenção de naturalistas e geólogos de várias partes do mundo, desde o século 19. 

Foto: Pintura rupestre sítio arqueológico / OGuarany

Nossa primeira visita é a caverna da Pedra Pintada, onde há um paredão com pinturas rupestres e onde a arqueóloga e pesquisadora Anna Roosevelt, atualmente curadora do museu de Arqueologia Nacional de Chicago, Estados Unidos, fez as primeiras escavações e encontrou um verdadeiro tesouro arqueológico, material que permitiu ela usar carbono 14 e constatar a presença humana há cerca de 11.200 anos. Era final de 1991 quando a notícia foi veiculada no mundo inteiro.

Mas Anna Roosevelt avançou nas pesquisas e há cerca de um ano ela anunciou que no material colhido em outra parte da serra do Paituna que permitiu ela assegurar que a ocupação humana é mais antiga: 13.150 anos. 

Foto: Nelsi e OGuarany no sítio arqueológico / Bia Oliveira

 As pesquisas continuam no Parque Estadual de Monte Alegre. Atualmente, o grupo de espeleologia do Museu Emilio Goledi de Belém, coordenado pela pesquisadora Edith Pereira, está desenvolvendo pesquisas no local, especialmente nas cavernas.

Monte Alegre ainda tem mais a nos revelar, e na próxima semana tem mais.

Homenagem:

Esta foi a última incursão do engenheiro, historiador e escritor Nelsi Sadeck ao Parque Estadual, onde está o sitio arqueológico, ao qual se dedicou por muitos anos de sua vida, sempre auxiliando os pesquisadores. Faleceu alguns dias após a nossa partida.

Muito obrigado, Nelsi Sadeck que Deus o tenha em sua morada eterna.

Foto: Equipe em Monte Alegre / OGuarany

 Navegue conosco nessa jornada.

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