Com 93 anos celebrados hoje é o mais longevo homem público em atividade no país.
Naquele ano de 1930 o Brasil fervilhava com a revolução liderada por Getúlio Vargas que assumiu o comando do país. Na longínqua Pinheiro, no interior do Maranhão nascia José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o José Sarney, que viria se tornar um dos políticos mais conhecidos e influentes do Brasil. Com 93 anos celebrados hoje é o mais longevo homem público em atividade no país.
Provavelmente seus pais, Sarney e Kyola, nem imaginavam que aquele pequerrucho, levado de uma cidade para outra – o pai foi promotor e desembargador do Tribunal de Justiça, mas foi transferido várias vezes por perseguição política – um dia se tornaria um vulto importante da república brasileira.
Advogado, logo se candidatou a deputado federal, tomou posse como suplente e daí em diante nunca soube o gosto de uma derrota. Foi governador e senador pelo Maranhão, presidente da República e três vezes senador pelo Amapá, período em que presidiu o Congresso em dois mandatos.
Sarney é jornalista e escritor, imortal da Academia Brasileira de Letras com 27 obras publicadas. Blogueiro, semanalmente publica seus artigos que são replicados por diversos jornais brasileiros, sempre abordando questões relevantes do país
Não teria espaço aqui para pontuar o protagonismo de Sarney em toda sua trajetória, porquanto, só o livro biográfico de autoria da jornalista Regina Echeverria passa de 600 páginas, mas dá para destacar uma qualidade que tem sido decisiva em momentos críticos do país nos últimos 50 anos: conciliador. É isso, habilidoso e com grande capacidade de convencimento, Sarney age com precisão nos momentos em que mais o país precisa.
Com perfil social-democrata trabalhou pela abertura e liberdade do país, quando ainda estávamos sob as amarras do regime fechado. Implementou políticas públicas voltadas para o social que impactaram positivamente a vida dos menos favorecidos, mesmo tendo que contrapor aos interesses de grupos elitistas.
Plantou a semente do programa de transferência de renda, ao implantar o Programa do Leite que atendia as populações carentes. Assinou a lei que proíbe a penhora da casa própria para pagamento de dívidas e apoiou incondicionalmente a constituinte que gerou a constituição mais democrática da história do Brasil.
Claro que, como todo ser humano, tem seus defeitos, mas há de se reconhecer que seu grande conhecimento contribuiu, em muito, para as gerações passadas, e contribui para as atuais e futuras.
Trazendo para a paróquia amapaense, entre tantas ações como Senador, uma já seria suficiente para colocá-lo em lugar de destaque na história do estado: a instalação da Área de Livre e Comércio, o divisor de águas que permitiu o salto de desenvolvimento e a consolidação do Amapá. Deu visibilidade e personalidade a um estado que um dia foi quintal Pará.
Ao chegar aos 93 anos hoje, Sarney não se acomodou. Atua firme e de forma decisiva na atual política brasileira. À sua casa no lago Sul de Brasília, acorrem políticos de todas as estirpes em busca de aconselhamento e inspiração, o que jamais negou até aos seus adversários.
A construção de uma plêiade de amigos, justifica uma frase que ouvi de sua boca no fim da campanha da reeleição de 1998. Do alto de sua estatura assertiu: “Na política não tenho inimigos, mas adversários“, revelando toda a grandeza erigida em sua trajetória de vida.
Parabéns, Presidente Sarney!
Sobre o autor
Olímpio Guarany é jornalista, documentarista e professor universitário.
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