De volta pra casa

Estou falando sobre uma espécie endêmica da Amazônia, a Ararajuba. 

Olimpio Guarany, capitão da Expedição

Ela é uma espécie endêmica da Amazônia. Uma ave bonita que desperta a cobiça dos traficantes de animais silvestres. Desde o século 19 ela está desaparecida da região metropolitana de Belém, Pará. Essa semana fomos conhecer o projeto de reintrodução dessa ave em seu habitat natural.

Estou falando da Ararajuba ou pelo nome científico Guaruba ou guarouba que vem do tupi guara=pássaro e yuba=amarelo ou ainda araraîuba: yuba = amarelo e arara = aumentativo de ará (“papagaio”), seria papagaio amarelo. 

Trazer de volta para Belém essas lindas aves só foi possível graças ao convênio firmado entre o Ideflor-Bio e a Fundação Lymington, uma organização não governamental que mantém um criadouro conservacionista e científico de aves que trabalha, entre outros, com a manutenção e reprodução de espécies de aves ameaçadas de extinção. 

Conversei com a bióloga Nívea Pereira, Gerente de Biodiversidade do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio/PA) e Coordenadora do projeto, disse que o projeto está indo “de vento em popa”, ou seja, está atingindo todas as metas. Só nas três primeiras solturas 30 indivíduos voltaram a conviver no ambiente natural na região metropolitana de Belém.

Pelo monitoramento realizado, inclusive com participação da comunidade, essas aves já estão reproduzindo na natureza o que cria uma boa expectativa para, em breve, retirá-las da lista de vulneráveis ou em risco de extinção.

A ararajuba tem um padrão de cores em amarelo, quase em tom de ouro, e verde que nos remete a bandeira nacional. Seu tamanho quando adulta chega a 34 cm e sua expectativa de vida é de 30 anos. 

O Projeto Ararajuba está sendo desenvolvido no Parque do Utinga, uma unidade de conservação estadual encravada no coração da região metropolitana de Belém.

Nossa visita ao local ocorre no momento em que a Samaia Queiroz, estagiária do Ideflor-Bio, estava se preparando para, digamos, entregar a segunda refeição do dia das ararajubas. Foi um momento mágico. Primeiro porque nos deparamos com cerca de 20 indivíduos – linguagem usada pelos técnicos – eufóricos, barulhentos e agitados porque sabem que aquela é a hora de comer e, o que não falta, é comida para eles. Segundo, porque eu tive o privilégio de participar junto com a Samaia desse momento que eu diria, encantador. O aviário onde as ararajubas são alimentadas e treinadas para voltar à natureza, tem dois ambientes. Um onde elas, digamos, moram e outro onde elas fazem as refeições e os treinos. Entrei no maior, onde elas tem liberdade, podem voar e se alimentar. Pessoalmente coloquei as frutas que fazem parte do cardápio como acerola, goiaba, açaí, mamão e muruci.

Boa aluna da Mestra Nívea Pereira, Samaia me disse que a ararajuba gosta de áreas de terra firme e altitude baixa. Geralmente procuram grandes árvores ocas e isoladas para fazerem seus ninhos.

A bióloga Nívea nos diz que essa estratégia de buscar esses lugares para os ninhos “é uma forma delas se protegerem de predadores como macacos e cobras”.

Enquanto colocávamos, estrategicamente, os alimentos, a Samaia informou que as ararajubas vivem em bandos e gostam de comer sementes, frutos oleosos, frutas e flores.

Devido a confusão que elas estavam fazendo no viveiro ao lado, perguntei para a Samaia se elas são sempre agitadas e se poderiam ser agressivas, porque havia um estranho ali. Ela disse que elas são dóceis e bastante sociáveis.

Pronto. Como eu não tive o privilégio de ver a soltura para a natureza, me dei por satisfeito ao ver um pouco da felicidade desses bichinhos, lindos e encantadores, quando a Samaia abriu as portas e eles passaram para a área onde estavam os alimentos. Foi a festa. 

E eu fico aqui imaginando essas belas aves, uma pintura da natureza, passando pelo sofrimento ao cairem nas mãos de traficantes insensíveis que se aproveitam da docilidade e fragilidade desses bichinhos e os transformam em mercadoria para o deleite de compradores não menos cruéis e insensíveis.

Por outro lado, me regozijo ao ver um projeto de tamanha importância que nos permite ao privilégio de apreciar toda essa beleza e garantir que as futuras gerações desfrutem desse verdadeiro espetáculo da natureza.

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Até a próxima semana. Forte abraço!

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