Rappers indígenas fazem sucesso com composições em defesa da Amazônia; Assista

Em suas composições, os músicos da Nativos Mc’s defendem o combate ao desmatamento, queimada e poluição, temáticas que impactam os povos indígenas e a biodiversidade da floresta amazônica.

Os rappers Urysse Kuykuro e Macc JB são indígenas da etnia Kuikuro, que por meio do rap retratam a realidade dos povos originários brasileiros. Os artistas se conheceram na aldeia Afukuri, no Território Indígena Xingu, localizado no Alto Xingu, no Estado do Mato Grosso (MT), que faz parte da Amazônia Legal.

As letras das músicas são compostas na língua portuguesa e dialeto Kuikuro, como forma de alcance a diversos públicos, tanto indígenas como não-indígenas. As músicas ‘Tente entender’ e ‘Trap Indígena’ são alguns dos seus sucessos com alcance de mais de 11 mil visualizações nYouTube. 

Com seus clipes musicais, os rappers indígenas mostram mais sobre as tradições e diversidades culturais que existem no país. O Portal Amazônia conversou com os rappers, que contaram sobre a história da formação do grupo e quais são as inspirações para as composições. 

Foto: Nativos Mc’s/Acervo pessoal

Em 2021 foram lançadas as primeiras músicas do grupo de rappers Nativos Mc’s, que começou, na verdade, como um trio formado por Urysse, Macc JB e o Pajé Mc. Em agosto de 2022, Pajé Mc faleceu, deixando um legado de conquistas e inspirações na luta contra a exploração da Amazônia.

“Nós estamos fazendo rap desde pequenos. Estou nessa caminhada desde criança, Macc JB e Pajé Mc também. O nosso primeiro show foi em Brasília no movimento indígena (ATL), que aconteceu este ano. Mas agora continuamos seguindo e nos apresentando nos palcos e em diferentes cidades, realizando nossos sonhos”, revelou Urysse Kuikuro.

As composições são na língua portuguesa e no dialeto Kuikuro, que vem alcançando diversos públicos e permitindo maior apoio e visibilidade das causas indígenas. A produção dos clipes, gravações e imagens são feitas na comunidade onde moram parentes dos rappers. O grupo também conta com o apoio técnico da produtora Azuruhu, um selo artístico indígena.

“Queremos expor toda violência que nosso povo e demais povos do Brasil vem sofrendo desde a invasão em 1500. Mas também queremos mostrar nossa cultura e a nossa língua, para que as pessoas não indígenas saibam da grande diversidade cultural do país e passem a respeitar-nos. Temos muitos parentes, de diversos povos, que vivem marginalizados, na miséria, e quem os colocou nessa situação foi o próprio Estado. Precisamos demarcar todas as terras indígenas, pois os povos tradicionais seguram o céu para toda população desse planeta”,

enfatizou Urysse.

Foto: Nativos Mc’s/Acervo pessoal

Uma das inspirações do grupo foram os músicos Racionais Mc’s, referência em rap no Brasil, e os Brô Mc’ s, considerados os primeiros rappers indígenas do país. As composições representam a realidade dos povos originários e são um apelo ao respeito pela diversidade cultural.

“Quando a gente era criança sempre ouvíamos músicas dos Racionais Mc’s, Haikaiss e entre outros. Também tinha os parentes Brô Mc’s que é o primeiro rap indígena do Brasil. Depois de um tempo nós tivemos essa ideia de fazer rap também na nossa língua falando das nossas realidades, culturas, crenças e tradições. E foi assim que surgiu nosso grupo por amor, e para mostrar o que nosso povo vem sofrendo com destruição das nossas florestas”,

destacou Macc JB.

Conheça o trabalho dos Nativos Mc’s:

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