Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz celebra 20 anos de fundação

O público que assiste ao Festival de Ópera do Theatro da Paz, em Belém, tem a chance de presenciar uma sincronia perfeita. Para levar o melhor da música ao palco é necessário  um entrosamento perfeito entre os 88 músicos que participam da execução da ópera ‘Turandot’, de Giacomo Puccini, um dos maiores clássicos do mundo operístico e que marca o aniversário de 20 anos da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP), com repertórios sofisticados e complexos, destacando a evolução do grupo de músicos.

Formada por pessoas de várias idades, a OSTP conta com músicos da terra divididos em violinos, violoncelos, flautas, clarinetes, trompetes e outros instrumentos, fundamentais para o andamento perfeito da ópera. Sob a regência do maestro Miguel Campos Neto, a orquestra é um dos principais objetivos para qualquer jovem que queira se tornar um grande músico.

Foi assim com Pedro Teixeira, de 21 anos, há 11 meses na equipe. Ele não esconde o nervosismo de participar de uma grande ópera, como “Turandot”, ao lado de importantes profissionais da música. “É uma honra estar aqui porque todos os meus professores foram dessa orquestra. Sempre bate um nervosismo, ainda mais se tratando de uma ópera, que é enorme, tem vários detalhes, mas todo mundo é bem unido e espero que a gente continue com esse trabalho e evolua cada vez mais”, disse.

Pedro Teixeira é um dos novatos da OSTP. Foto: Divulgação
O encontro de diferentes gerações na orquestra é constante. O primeiro violinista da orquestra (spalla) Marcos Mendes atua na OSTP há 15 anos e ressalta que o entrosamento entre professores e alunos de conservatórios contribui para a perfeita harmonia na hora da apresentação. “Quase todos são colegas vieram do mesmo lugar, como os conservatórios. Todos se conhecem, foram também meus alunos, então é um clima muito legal. Eu integro esse grupo há 15 anos e é uma satisfação ver que esse trabalho, que começou há duas décadas, continua ininterruptamente e com esperança de visualizar no futuro que esse grupo cresça em qualidade”, declara.

Crescimento

A evolução da Orquestra Sinfônica foi acompanhada de perto pelo maestro Miguel Campos Neto. Ele participou, em 1996, com 17 anos, da fundação da OSTP e a viu crescer, com a integração de mais músicos locais. Miguel é o maestro titular da orquestra desde 2011 e destaca a base de músicos locais e a apresentação de repertórios cada vez mais complexos, com qualidade. “Nas primeiras obras que fiz aqui, a gente praticamente contratava uma orquestra porque eram muitos convidados adicionados ao grupo. Praticamente 50% da orquestra eram de fora e agora a base é local, com alguns convidados, que reforçam nossa atuação”, relembra.

“Para reger uma orquestra profissional, em uma casa de ópera profissional, como o Theatro da Paz, dessa beleza e tradição, que precede a fundação do Carnegie Hall, de Nova York, do Teatro Municipal de São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, acho que a única coisa que devemos fazer é tentar nos preparar no maior nível que nossa habilidade permite. E quando o repertório é uma obra como ‘Turandot’, acho que essa magnitude cresce exponencialmente e o empenho de todos é visível”, afirma.

Foto: Divulgação
Miguel também lembrou o período em que Belém não contava com nenhuma orquestra sinfônica, na década de 90. Momento completamente diferente atualmente. “Saímos de uma época em que não tínhamos nenhuma orquestra e juntamos o que tínhamos à disposição, como militares, professores da Fundação Carlos Gomes e alunos. Eu era muito jovem na época, e aí surgiu a orquestra. Estamos tentando reviver nosso brilho, que chegamos a ter nas primeiras décadas do século XX, e fazemos isso com o nosso suor, colocando Belém em outra categoria de cidade. É um movimento que vai contra o fluxo que o mundo está passando. Em alguns lugares as orquestras sinfônicas estão fechando, e em Belém estão abrindo mais orquestras”, completou.

O crescimento da OSTP é perceptível aos olhos e ouvidos da plateia. Há seis anos, o enfermeiro Alex Lobato acompanha apresentações de ópera em Belém e destacou a qualidade da apresentação dos músicos.  “Todos os anos, as obras do festival são de altíssimo nível e vale a pena sair de casa para prestigiar. Isso é um motivo de orgulho e ainda valoriza essa identidade com a presença de músicos locais que fazem esse espetáculo”, observa.

Mesmo com a constante evolução, tanto os músicos como os organizadores sabem que é possível avançar ainda mais e melhorar o nível das apresentações. A gerente de música da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Marianne Lima, detalhou o trabalho realizado para que a OSTP se fortaleça e se torne referência na região. “Trabalhamos para que ela cresça em número de músicos, em qualidade, em organização, em todos os sentidos. Em 2011, o grupo contava com apenas 38 elementos, e aos poucos foram realizadas audições seletivas e tivemos avanços importantes, como o sistema de convênio com entidade parceira para possibilitar a assinatura da carteira de todos os integrantes da orquestra, que hoje está com 66 músicos. Queremos que aumente ainda mais o efetivo para que ela tenha condições de ter repertórios sinfônicos cada vez maiores, além de se desenvolver mais ainda musicalmente, com a continuidade do bom trabalho que vem sendo realizado pelo maestro Miguel Campos Neto”, explica.

“E em novembro próximo, dentro desta temporada especial de concertos comemorativos a seus 20 anos de criação, a Orquestra se apresentará pela primeira vez fora do Estado e fará um concerto no Teatro Amazonas, em Manaus, em parceria com o Festival Música na Estrada”, antecipa Marianne.

Além de participar do Festival de Ópera do Theatro da Paz, a OSTP realiza temporada de concertos mensais e mantém um programa de concertos didáticos, um projeto de interiorização, além de concertos ao ar livre. A orquestra também participa do Festival Internacional de Música da Fundação Carlos Gomes.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade