Seminário Manejar debate desafios para fortalecimento da produção familiar no Amazonas

Nos primeiros dias do Seminário Manejar – Seminário de Produção Florestal Familiar e Comunitária do Amazonas, reuniu produtores do interior do Estado, ONGs, órgãos ambientais e muito conhecimento trocado entre os participantes, com minicursos e mesas de discussões sobre os temas mais relevantes do setor. A abertura do evento contou com uma plenária que abordou os principais problemas do segmento florestal, no qual a produção familiar é representada por apenas 4% da produção do Amazonas.

No primeiro dia, o diretor técnico do Idesam, Carlos Koury, iniciou o debate com a informação de que 62% das terras do Amazonas são destinadas para as comunidades tradicionais (assentamentos ou unidades de conservação). Esse potencial, no entanto, ainda não é explorado satisfatoriamente. Para ele, produzir e conservar a Amazônia precisa necessariamente passar pelo apoio à gestão familiar e comunitária.

“Se a gente vai apoiar a produção florestal, temos que apoiar os pequenos produtores, que representam 93% do número de estabelecimentos rurais. A grande produção de óleos vegetais, de sementes, ainda é de base comunitária e o desafio é desenvolver isso, essa é uma das razões por estarmos discutindo essas questões neste Seminário”, destacou.
Na avaliação do superintendente-geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, os dados mostram ainda que o quadro do setor florestal madeireiro no Amazonas mudou drasticamente, chegando praticamente ao desaparecimento. Para ele, o setor madeireiro se enfraqueceu pela dificuldade em operar com suprimentos legalizados. O maior controle e as fiscalizações transformadas em multas foram um baque para o setor, cenário piorado com a falta de investimentos robustos na cadeia de suprimentos robusta. 
“A principal concorrência [do manejo comunitário] é com a madeira ilegal. A maneira de competir é aumentar o custo da ilegalidade. O Ipaam, a Polícia Ambiental e Ibama precisam fiscalizar mais. E reduzir o custo da legalidade. É preciso diminuir drasticamente a papelada, além do investimento em pesquisa. Mas burocratizar não significa flexibilizar”, destacou Viana. A criação de um entreposto de madeira certificada em Manaus foi defendida pelo representante da FAS, o que aumentaria a geração de renda dessa produção comunitária.
Sobre essa questão, Fábio Marques, diretor jurídico do Ipaam, ressaltou que no último dia 8 de outubro foi sancionada uma lei estadual de desburocratização, onde muito requisitos foram eliminados para fazer com que a agricultura familiar tenha acesso ao licenciamento ambiental de forma mais rápida.
No terceiro e último dia de evento, a programação continua com minicursos sobre os passos para certificação, manutenção de máquinas florestais e casos de sucesso de manejo florestal comunitário. Para ter a programação completa e as inscrições que ainda podem feitas, basta acessar o site: manejar.org.br.

Produtores do interior participam de minicursos

Representantes de associações de produtores de diversos municípios do Amazonas participaram da programação de minicursos promovidos pelo Seminário Manejar, como o de primeiros socorros voltados para atividades florestais e orientações contábeis, este último, uma forte necessidade apontada pelos gestores das cooperativas presentes.  Com participação de produtores de Lábrea, Carauari, Boa Vista do Ramos, entre outros, o minicurso de orientações contábeis com a plataforma Rupee – que terá uma nova apresentação neste segundo dia de evento – trouxe conhecimentos e novas perspectivas sobre o controle do trabalho do contador na atividade florestal, abordando entraves e as “pegadinhas” que os gestores podem cair com as mudanças repentinas da legislação tributária brasileira.
Um dos participantes do minicurso, o representante da Associação de Comunidades Sustentáveis da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (ACS RDS Rio Negro), Nelson Britto, falou das muitas dificuldades que as cooperativas possuem de acesso a mercado e de contabilidade, afirmando que as comunidades ainda precisam avançar nesse quesito. “Estamos lutando para que a gente [associação/cooperativa] seja reconhecido como as empresas são e que o povo do interior do Estado seja reconhecido pelo que ele realmente é e pelo que produz”, ressaltou Britto.
Sobre o IDESAM

O Idesam é uma organização não governamental sem fins lucrativos sediada em Manaus, com 14 anos de atuação. O instituto desenvolve um trabalho integrado, compreendendo uma atuação de base, no contato com produtores rurais e comunidades tradicionais, até a formulação de políticas internacionais. Os projetos do Idesam estão distribuídos nos temas Mudanças Climáticas e REDD+, Manejo e Tecnologias Florestais, Produção Rural Sustentável, Políticas Públicas e Áreas Protegidas.
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