Pesquisa prevê aumento de até 5ºC em municípios do Amazonas

O Nordeste do Amazonas pode ter um aumento de até 5°C graus na temperatura média e redução de até 25% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. A informação é de uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais no âmbito do projeto Vulnerabilidade à Mudança do Clima, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. A vulnerabilidade à mudança do clima foi identificada nos 62 municípios do Estado. 

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“Além do Amazonas, mais cinco estados estão sendo avaliados: Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e Pernambuco. Também foi desenvolvido um software, para mensurar a vulnerabilidade humana às mudanças climáticas, conforme cada município”, destaca o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri. Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados durante o Seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, no último dia 14 de setembro.

Dias mais secos e mais quentes
A pesquisa indica que a região Nordeste do Amazonas será a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. Na cidade de Nhamundá, por exemplo, o aumento no número de dias seguidos sem chuva poderá chegar a 36%. O Vale do Javari e o Sul do Amazonas, representados respectivamente por Atalaia do Norte e Boca do Acre, poderão apresentar uma elevação acima dos 20% para os períodos de estiagem.
Em relação à temperatura máxima, Manaus e a região metropolitana poderão apresentar uma elevação acima dos 4°C para os próximos 25 anos. A previsão para o sul do estado é um aumento de 5°C, com destaque para os municípios de Lábrea e Boca do Acre.
Método Diferenciado
Para a pesquisa são consideradas informações de cada município referentes à preservação ambiental, a dados sobre a população, como saúde e condições socioeconômicas e a ocorrência de fenômenos extremos, a exemplo de tempestades e doenças relacionadas ao clima, entre elas, malária e leishmaniose tegumentar. Por meio do cruzamento e análise desses dados, é possível calcular o Índice Municipal de Vulnerabilidade (IMV).
O cálculo da vulnerabilidade dos municípios é associado a três elementos – exposição, sensibilidade e capacidade de adaptação da população, considerando dois cenários de clima futuro: um com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor aquecimento global, e outro que considera o aumento contínuo dessas emissões com maior impacto no clima.
No Amazonas, as previsões indicaram que os municípios mais expostos à mudança do clima foram Careiro da Várzea e Parintins, além da região metropolitana de Manaus, em virtude de desmatamentos, variações bruscas de temperatura e poluição. Em relação à sensibilidade, que indica a intensidade com a qual os municípios são suscetíveis aos impactos do clima, parte da região centro-sul com destaque para a cidade de Tapauá e o Vale do Javari, representado por Atalaia do Norte, foram os mais vulneráveis.
A pesquisa mostrou que municípios da região nordeste do estado, como Manaus e Presidente Figueiredo foram considerados os mais adaptados para lidar com as mudanças clima, devido à existência de infraestrutura de saúde, como leitos hospitalares, plano de contingência de desastres e presença da Defesa civil. A região do Vale do Rio Negro, representada por Santa Isabel do Rio Negro seria a cidade menos adaptada.
Possíveis impactos
As projeções feitas no estudo indicam consequências diretas na região amazônica. Os impactos futuros do clima apontam uma possível diminuição da biodiversidade, em virtude das alterações no ciclo reprodutivo de plantas e animais. Outro efeito importante seria o processo de savanização da floresta amazônica, devido ao aumento da temperatura.
As mudanças do clima também podem provocar transformações em fenômenos naturais recorrentes na floresta amazônica, como o período das cheias dos rios. Por causa das alterações no volume de chuvas e elevação da temperatura, podem ocorrer eventos extremos, como secas e inundações. Estes fenômenos climáticos poderiam impactar a irrigação, a perda do potencial de pesca e a redução da produção agrícola, afetando diretamente a segurança alimentar das populações que vivem nessa região.
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