O pássaro possui hábitos exclusivamente noturnos, não faz ninhos, prefere caçar voando ao entardecer, e capturar insetos em pleno voo. Seu canto varia de longos e finos assovios a gritos guturais, e pode ser assustador à noite, por isso gera muitas lendas sobre sua aparição.
Para permanecerem imóveis por longos períodos, os urutais possuem os ‘pés’, ou tarsos, com a palma bastante desenvolvida, diferente dos pés magros dos passarinhos em geral. Seus grandes olhos, marrons ou amarelos, auxiliam a localização dos insetos durante a noite. Enxerga mesmo com os olhos fechados, devido a pálpebras com pequenas dobras. Seu bico é pequeno com um par de dentes laterais para quebrar as asas dos insetos.
O ornitólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Mário Cohn-Haft, é o responsável pela identificação das espécies na Amazônia. Durante o trabalho em campo, o pesquisador escutou um canto diferente e acabou descobrindo a nova espécie. Como muitas espécies de fauna e flora da região, ela já fazia parte do cotidiano da população local, era conhecida como ‘curupira’, mas ainda não havia sido catalogada.
Por sua ampla distribuição geográfica, as mães-da-lua gigantes não estão ameaçadas de extinção. “Entretanto, como sua biologia é pouco conhecida, estudos mais aprofundados podem mostrar que algumas espécies são mais ameaçadas do que outras”, alerta Filipe.
Experiência de sucesso
O pássaro conquistou a simpatia dos funcionários do local e ganhou o apelido de Kevin, em alusão ao filme ‘Up! Altas aventuras’. O biólogo Felipe Bittioli diz que já havia trabalhado na reabilitação de outras aves como passarinhos e saracuras, além de corujas e gaviões, mas com a mãe-da- lua é a primeira vez. “Como são aves relativamente difíceis de se ver, não existe um procedimento para ser seguido nesse processo de reabilitação. O Ibama nos orientou a anotar tudo que está sendo feito, e no final do processo, publicar uma nota técnica para orientar próximos casos”, revela.
Bittioli acredita que este é o primeiro mãe-da-lua em reabilitação. “O Refúgio Sauim-Castanheiras certa vez recebeu uma ave dessas, mas ela não sobreviveu. Em breve o pássaro será solto para cumprir seu papel ecológico, principalmente controlando as populações de insetos noturnos que podem ser pragas agrícolas, como gafanhotos e mariposas”, finaliza o biólogo.