Os pesquisadores também encontraram uma espécie desaparecida desde os anos de 1960.
Pesquisadores do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas (Icsez/Ufam) divulgaram descoberta de nova espécie de alga na região do rio Uaicurapá, próximo ao município de Parintins, no Amazonas. Além disso, os cientistas encontraram uma espécie desaparecida desde os anos de 1960. Os artigos com o registro dos fatos foram publicados em fevereiro e março em dois periódicos internacionais (Phytotaxa e Fottea).
Coordenadora das pesquisas que resultaram no reconhecimento das novas espécies, a professora Angela Lehmkuhl, do curso de Zootecnia do Icsez, conta como tudo aconteceu: “As expedições no rio Uaicurapá fizeram parte do projeto aprovado no Edital 003/2020 Painter Fapeam. O projeto teve como objetivo conhecer as espécies de microalgas diatomáceas desse rio e selecionar espécies com potencial bioindicador da qualidade da água e da qualidade ecológica do rio. As coletas de água para análise das espécies foram realizadas com rede de fitoplâncton e também coletamos amostras de partes de plantas submersas na água. As coletas ocorreram durante o ano de 2020 e 2021, compreendendo o ciclo da cheia e vazante”.
“As espécies do gênero de diatomáceas Actinella foram encontradas ao analisar as amostras sob microscopia de luz no laboratório de Ficologia do Icsez/Ufam, em Parintins, e após a revisão da literatura, pudemos nos certificar da identidade e ocorrência destas espécies”,
complementou.
Divulgado em março de 2024, na Fottea, revista científica internacional que se dedica aos estudos das algas, especialmente das microalgas, o artigo da equipe do Icsez apresenta a descrição de uma espécie completamente nova para a ciência: Actinella cordiformis Coêlho et al. O estudo teve a colaboração de pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos; da University of Antwerp, na Bélgica; do Herbário de Viena, na Áustria; e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“As espécies encontradas são, até agora, consideradas endêmicas de águas amazônicas e ácidas. E a rara ocorrência neste rio, sugere que ele preserve águas limpas e em condições que assegurem a biodiversidade de espécies com baixa tolerância às alterações ambientais. Desta forma, a presença destas espécies e de tantas outras neste ambiente, podem ajudar nas tomadas de decisões sobre o gerenciamento das águas deste rio e fortalece o papel da presença das comunidades tradicionais nesta bacia para a conservação da biodiversidade e preservação de boa qualidade ambiental”,
expões a coordenadora.