Murucututu: “coruja de óculos” é considerada a maior espécie do gênero na Amazônia

A murucututu ocorre em todas florestas tropicais das américas, mas na Amazônia já se tornou até personagem de canção de ninar.

Considerada a maior coruja que habita a Amazônia brasileira, a Murucututu (Pulsatrix perspicillata) é uma ave que ocorre em todas florestas tropicais das américas, com distribuição geográfica desde o norte do México até o norte da Argentina, como aponta o ornitólogo especializado em aves amazônicas, Mario Cohn-Haft.

Ao Portal Amazônia, o pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) revelou algumas curiosidades da espécie.

“Ela [a espécie] come principalmente ratos e outros pequenos mamíferos que caça durante a noite. Seus olhos são de um amarelo penetrante e os jovens são predominantemente brancos com a ‘máscara escura’”

explicou o ornitólogo

A ‘máscara’ na qual Cohn-Haft se refere é a região de penugem escura ao redor dos olhos, que com o decorrer do amadurecimento do jovem ganha umas marcas brancas enquanto a cabeça branca vai sendo substituída por uma plumagem escura. O resultado dessa transformação é que o adulto tem um desenho na cara que lembra óculos, fato responsável pelo seu nome em inglês, spectacled owl”, que significa “coruja de óculos”

Vídeo: Reprodução/Youtube-MUSA

Características

O murucututu macho mede entre 40,5 e 51 centímetros, pesando entre 580 e 1075 gramas. Já a fêmea desta espécie costuma ser maior, medindo entre 42 e 53 centímetros e chegando a pesar entre 680 e 1250 gramas.

Como explicado antes, sua distribuição geográfica é ampla e a espécie pode ser encontrada em todo o território brasileiro. Contudo, é uma espécie florestal e por isso o desmatamento ameaça sua sobrevivência, segundo o ornitólogo.

“Ela é considerada rara na Mata Atlântica, onde ocorre uma outra espécie, o murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana), mas ainda continua bastante comum na Amazônia. Em Manaus, ocorre ainda em grandes remanescentes florestais, como na Universidade Federal do Amazonas (Ufam)”,

pontuou o pesquisador.

Em relação à vocalização, Cohn-Haft relata que é provável que o canto da fêmea seja um pouco mais grave que a do macho, mas ambos possuem o mesmo ritmo.

“O casal frequentemente canta em dueto, os dois indivíduos sobrepondo ou alternando seus cantos. Nesses momentos, dá para perceber que um canta mais grave que o outro.  Considerando que a fêmea é maior que o macho em praticamente todas as espécies de aves de rapina, é de se esperar que o canto da fêmea seja ligeiramente mais grave”,

indicou.

O ornitólogo ressalta ainda que a espécie é bastante procurada por observadores de pássaros e “importante no ecossistema pelo controle populacional de roedores e outros pequenos mamíferos”.

Foto: Reprodução/Youtube-MUSA

Murucututu e tradições

Em uma família na comunidade rural do município de Coari, gerações utilizam uma cantiga que envolve a Murucututu. Ao Portal Amazônia, Suely Caitano conta que quando sua mãe ia para a roça e precisava deixar os filhos dormindo, cantava:

“Murucututu, murucututu
da beira do rio
empresta teu sono
pro neném dormir”

A cantiga virou tradição e Suely, já adulta, passou a cantá-la para suas filhas. “A gente ficava bem calminho, eu me acalmava com a música. Aí fui criando meus filhos e toda vez que alguém tinha dificuldade pra dormir eu cantava essa música e todos dormiam bem”, relatou.

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