Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mais de 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico e tecnológico são descartados incorretamente pelo mundo. Para mudar esse cenário assustador, vários projetos e empresas são desenvolvidos para explicar e conscientizar a população sobre o descarte correto. Claro que, no Amazonas, o tema é cuidado com atenção por parte da população e autoridades que visam o melhor destino para esse tipo de material.
Na casa do industriário Fernando Campos, a educação em prol ao meio ambiente começou cedo. Ele mostra para os filhos a importância do descarte de lixo, principalmente, dos eletrônicos. “Aprendi bastante na empresa que trabalho, e trouxe todo esse conhecimento para a minha casa, lembro que acumulava bastante materiais eletrônicos, como por exemplo, peça de computadores, celulares, baterias e pilhas, mas não sabia como descarta-los”, afirmou.
Mas Fernando só entendeu a importância do descarte correto quando participou de um seminário. “Realmente, não me importava muito com o destino dos lixos eletrônicos. Queria que as pessoas tivessem a mesma oportunidade de conhecer os perigos desses materiais, principalmente, se tratando de pilhas e baterias”, disse o industriário que destacou ainda a falta de pontos de coletas para lixo eletrônico.
Há sete anos, o técnico em eletrônica, Lúcio da Silva, conta com a ajuda de clientes para recuperar peças e usa-las para outros reparos. “Faço atendimento a domicilio, então, quando visito alguém procuro saber se tem algum aparelho que não esteja mais em uso, isso facilita muito meu trabalho, pois, mesmo que o objeto não funcione, algumas peças ainda podem ser utilizadas, contou.
Lixo como negócio
O empresário Alessandro Dinelli, responsável pela Descarte Correto, empresa especializada em coleta e beneficiamento de lixo eletrônico, afirma que Manaus carece de iniciativas públicas voltadas para o material. “Vejo que para muitas pessoas, a troca não é mais pela inutilidade do produto, mas é status, a questão estética, ou seja, ela compra um material, e depois de um tempo, descarta aqui e guarda. Conheço muitos colegas que guardam celulares antigos, peças de computadores e afins. O que falta é iniciativa mesmo”, explicou.
Para Dinelli, um dos maiores obstáculos é a geografia da região. “Em Manaus, a logística é facilitada, mas quando a gente olha o restante do Estado o cenário muda, pois, o produto acaba gerando um custo maior para ser descartado. Por isso, a gente trabalha tanto com empresas, quanto pessoas físicas, ou seja, trabalhamos com pontos de coletas espalhados pela cidade, o que facilita a vida dos manauara”, contou.
PL
Em março deste ano, vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovaram parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) ao Projeto de Lei (PL) 199/2018, que pretende implantar Coleta Seletiva de Lixo Eletrônico em Manaus. De acordo com o criador da PL , o vereador Jaildo dos Rodoviários (PCdpB), a ideia do projeto é organizar, recolher, transportar e dar correta destinação aos materiais eletrônicos. “A cada dia, a tecnologia avança, então, é necessário medidas que acompanhem esse crescimento e mudanças”, afirmou.
Para que o PL seja cumprido, será elaborado um calendário e cronograma para o recolhimento do lixo. “Inicialmente, estamos prevendo que o recolhimento do material seja feito a cada três meses. Esse prazo poderá ser reduzido, de acordo com a demanda, ou estendido, desde que não ultrapasse o prazo máximo de quatro meses”, revelou o vereador.
Apesar do parecer positivo, para que o projeto continue a tramitar pela CMM será necessário uma pesquisa aprofundada. “Queremos agilizar essa demanda, pois, temos o conhecimento que a cada dia o número de rejeitos eletrônicos aumentam”, falou.