Mais de mil filhotes de quelônios nascem em reserva do Amazonas

MANAUS – Pesquisadores do Instituto Mamirauá monitoraram o nascimento de 1.348 filhotes de quelônios aquáticos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no final de 2015. A expedição aconteceu entre os meses de novembro e dezembro, com o monitoramento de três praias do rio Solimões no setor Horizonte, localizado na Reserva Mamirauá, no Amazonas.  
Dos filhotes registrados, 80% eram de tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), 12% de iaçá (Podocnemis sextuberculata) e 7% de tracajá (Podocnemis unifilis). O monitoramento da temporada reprodutiva dessas três espécies é feito desde 1998 pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A atividade é realizada no período da seca, quando as praias se formam na região.  Os dados compõem a série histórica da instituição e contribuem para o entendimento da ecologia das espécies estudadas.Foto: Divulgação/Vanielle Medeiros
De acordo com Vanielle Medeiros, pesquisadora do Instituto Mamirauá, o monitoramento em campo contempla desde a desova até a eclosão. “Podemos ter uma base de quantos ninhos aquela praia está produzindo e mais ou menos quantos filhotes podem nascer dependendo disso”, afirmou.

Por serem animais de vida longa, é importante fazer um acompanhamento ao longo do tempo para ter uma série histórica de dados que nos permite estudar a ecologia desses animais

O trabalho foi iniciado em outubro, quando a equipe realizou a primeira expedição de campo para identificar os ninhos e a desova das fêmeas. Na ocasião, também foram mapeados 750 metros da praia, visando testar o grau de vulnerabilidade dos ninhos à probabilidade de inundação. Durante esse período, os ninhos encontrados foram marcados por GPS, e também foi feita a medição e pesagem dos ovos.
Em novembro e dezembro, a equipe retornou às praias de desova para acompanhar a eclosão e emergência dos filhotes. Após o nascimento, os animais também têm seus dados individuais coletados e a equipe faz uma marcação nos filhotes, possibilitando acompanhar o desenvolvimento deles em longo prazo, em posteriores recapturas. 
Os dados coletados na última expedição ainda serão analisados. “Eles servem para comparar como está sendo a produção das praias monitoradas, saber qual o sucesso de eclosão dos ninhos, e também para ver se existe relação entre o tamanho da fêmea e o tamanho dos filhotes”, ressaltou a pesquisadora.
Vanielle também comentou sobre o esforço da equipe para avançar nos estudos com os quelônios fluviais amazônicos, monitorando essas espécies não só durante o período de seca, geralmente entre os meses de setembro e novembro. “Queremos saber quais são as áreas que eles estão na cheia. Geralmente os animais migram para outras áreas para alimentação e crescimento. É importante acompanhar essas outras áreas que também são usadas por essas espécies, mas talvez não sejam tão protegidas quanto as praias de desova”, disse.Foto: Divulgação/Vanielle Medeiros
Os pesquisadores contam com uma ajuda importante para a conservação dessas espécies: os comunitários que vivem na região. Na Reserva Mamirauá, os moradores das comunidades ribeirinhas organizam uma escala de vigilância para monitorar e proteger as praias de desova. São formadas equipes que acampam nas praias e se revezam para evitar possíveis invasões ou coleta de fêmeas ou ovos das espécies, que são apreciadas para consumo na região.
O projeto também conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Prêmio IGUi Ambiental.
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