Além da seca severa, o Estado ainda enfrenta uma grande quantidade de queimadas ilegais
Desde o fim do período das chuvas, no mês de maio, o Acre tem sofrido com uma seca bastante severa. Só na capital, Rio Branco, já faz mais de um mês que não cai uma chuva significativa, segundo a Defesa Civil Estadual. E o problema maior nessa época do ano são as queimadas ilegais nas áreas urbanas e rurais.
S’o neste ano, foram registrados mais de dois mil e quinhentos focos de calor em todo o estado. Do total, pouco mais de dois mil foram registrados no mÍs de agosto. O município mais crítico é Feijó, com mais de 540 focos neste ano. Em Rio Branco, mais de 4.400 hectares de cicatrizes de queimadas foram registradas. Os dados são da Secretaria de Meio Ambiente do Acre, que coletam as informações do monitoramento de satélites de locais como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais e o Sistema de Proteção da Amazônia.
Para tentar criar estratégias de combate e prevenção aos incêndios, foi criado no final de abril o Comitê Integrado de Áreas Ambientais, no qual várias instituições de defesa ambiental e de fiscalização trabalham de forma integrada para fiscalizar as ocorrências de desmatamento e queimadas nas regionais do estado. A diretora executiva da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Vera Reis Brown, explica que as áreas de preservação florestal são as que apresentam um cenário mais crítico.
“Num primeiro lugar vamos ver a Reserva Extrativista Chico Mendes, que na verdade, ela não está em primeiro lugar somente no estado do Acre. Ela está· nos primeiros lugares das unidades de conservação da Amazônia e no Brasil. Em terceiro lugar na Amazônia, em quinto lugar no Brasil e em primeiro no Acre. Então, está é uma situação bastante severa na Reserva Extrativista Chico Mendes. Mas acompanha a seqüência no ranking a Reserva Extrativista do Alto Juruá, do Alto Tarauacá, do Riozinho do Liberdade e estamos detectando criticidade no Parque Nacional da Serra do Divisor. Então, essas são as unidades de conservação que estão hoje bastante sérias, bastante severas”.
Somente neste ano, foram aplicados mais de 6 milhões de reais em multas por crimes ambientais como incÍndios e desmatamento. Os dados foram apresentados após o fim da segunda fase da Operação Focus contra os crimes ambientais. O diretor-presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre, André Hassem, destacou que equipes estão indo a campo para fiscalizar e combater crimes ambientais.
“Através do planejamento que viemos desenvolvendo ao longo desse ano e ano passado, no estado do Acre, conseguimos identificar áreas que teriam possíveis queimadas urbanas ou incÍndios florestais. A equipe está indo a campo com material todo subsidiado com a parte de geoprocessamento, onde através de uma pequena equipe que conseguimos formar, conseguimos otimizar nossos resultados, fazendo com que todas as atividades de comando e controle sejam realizadas com eficiência, chegando na ponta de fato onde nós temos que chegar. Então, a equipe do Batalhão de polícia Ambiental e Imac está„o sendo subsidiadas pela Secretaria de Meio Ambiente e pelo governo do estado do Acre e otimizando essas fiscalizações”.
E além dos prejuízos ao meio ambiente, as queimadas geram ainda uma poluição que prejudica a qualidade do ar e, consequentemente, a saúde da população. Dados da Secretaria de Saúde do Acre indicam que quase 22 mil casos de doenças respiratórias foram registrados no Acre. Do total, mais de seis mil foram computados em Rio Branco.
O pesquisador e professor da Universidade Federal do Acre, Alejandro Fonseca, destacou que a maior parte do estado apresenta focos de poluição acima dos 25 microgramas por metro cúbico, Índice que é considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde e que a região Leste é a que tem cenário mais crítico. Sensores instalados nos 22 municípios acreanos monitoram a qualidade do ar nas cidades. O especialista ressaltou que eram esperados, ao menos, 50 milímetros de chuva no leste do estado, mas não choveu. A expectativa é que as chuvas retornem na transição entre setembro e outubro.
“Esperamos a transição para o inverno amazônico em setembro, que o mês se comporte como deveria ser, com chuvas em torno de 100 milímetros. Mas em 2005, a seca se prolongou até o mÍs de outubro e estamos tendo características de um verão amazônico muito seco e não há o que se estranhar se a chegada das chuvas for atrasada neste ano”.
No Acre, existe um trabalho de integração das instituições, com homens do Corpo de Bombeiros e brigadistas do Ibama para combater as ocorrências de queimadas em todo o estado.