Lagarta de Fogo: conheça o perigoso inseto que passa por metamorfose para se tornar mariposa

Classificada como um inseto que sofre metamorfose, a ‘Lagarta de Fogo’ passa por duas fases de transformação, sendo a primeira como inseto em estágio larval e a segunda como mariposa. 

A Lagarta de Fogo (Megalopyge lanata) é um inseto que sofre metamorfose completa. Na fase juvenil adquire o formato de larva (lagarta), sendo caracterizada pela coloração branca e corpo repleto de pelos avermelhados. Concluída esta etapa, o inseto encasula e se transforma em mariposa quando “adulto”, atingindo 70 milímetros de envergadura. Sua coloração se torna preta ou rosa com asas brancas.

Esta lagarta apresenta riscos de acidentes durante o seu estágio larval quando, por meio das suas pilosidades, pode perfurar e inocular veneno, capaz de queimar a pele humana. É importante lembrar que várias espécies de mariposas durante a fase larval, apresentam-se como ‘Lagartas de Fogo’.

Portal Amazônia conversou com o doutor em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV/MG) e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), César Teixeira, que explicou algumas características do inseto. 

Fotos: Reprodução/ Villa Verde Agro

O nome popular do inseto se originou da sensação de queimação que é transmitida quando tem contato com a pele humana. Os primeiros a desenvolverem a percepção sobre essas características delas foram os indígenas Tupi, que chamavam estes insetos pelo nome Tatarana (Taturana), que significa ‘semelhante ao fogo’.

“Algumas espécies são extremamente perigosas, como a Lonomia obliqua, sendo chamadas ‘tataranas assassinas’, que além da queimadura, podem causar hemorragia, insuficiência renal e até levar à morte. Porém, na maioria dos casos, as ‘queimaduras’ causadas por lagartas de fogo, têm evolução benigna. Elas não atacam e geralmente os acidentes são com crianças curiosas ou pessoas que tocam por descuido em folhas, troncos e galhos sem revisar se estão seguros”,

explicou o pesquisador.

Por estar classificada como polífaga, a Lagarta de Fogo é considerada uma espécie com hábito de ingerir uma variedade de fontes alimentares, sendo encontrada em diversas regiões do Brasil, inclusive na Amazônia. Algumas das frutas mais procuradas pelo inseto são as mangas, goiabas, peras e abacates. Além de plantas cultivadas, essas lagartas também desfolham árvores silvestres, incluindo várias usadas para paisagismo, o que agrava o seu potencial de perigo.

“A proliferação do inseto ocorre especialmente nas temperaturas mais altas, durante o período de primavera-verão, nessa época os cuidados com estes insetos devem ser intensificados, uma vez que as lagartas de fogo podem causar acidentes com pessoas, e danos nas plantações”, alertou César.

Metamorfose

Durante o desenvolvimento do ciclo de vida, esse inseto lepidóptero passa por diversas fases que vão desde ovo, lagarta, pupa até fase adulta, como mariposas. “Na fase adulta as lagartas de fogo dão origem às mariposas, que após se acasalarem, farão posturas dos ovos e destes surgirão novas gerações de lagartas. Os ovos são depositados em troncos e folhas de uma planta na qual as lagartas irão se alimentar”, informou o pesquisador.

Uma das principais características do animal é a sua capacidade de trocar de pele diversas vezes, com isso elas se dirigem até a superfície do solo com o objetivo de formarem casulos (pupas),onde realizam a metamorfose para se transformarem em mariposas e recomeçarem o ciclo da vida. 

Fotos: Reprodução/ Villa Verde Agro

Segundo estudos do Instituto Butantan, as moscas da família Tachinidae e uma vespa da família Ichneumonidae são consideradas inimigas naturais da Lagarta de Fogo. As larvas contidas nas moscas nascem e se alimentam do corpo da lagarta.

Acidentes

A Lagarta de Fogo é agrupada em categorias e as principais causadoras de acidentes no Brasil são as Megalopygidae e as Saturniidae que, diferente das outras espécies de taturanas, podem provocar manchas e hematomas. Se não houver o tratamento correto da infecção, a hemorragia pode se espalhar por todo o corpo, causando morte.

“As Megalopygidae são conhecidas como lagartas ‘cabeludas’, geralmente solitárias, de 1 a 8 cm de comprimento e possuem ‘pelos’ dorsais longos e coloridos que camuflam as verdadeiras cerdas pontiagudas. As cerdas pontiagudas e curtas contêm as glândulas de veneno, entremeadas por outras longas, coloridas e inofensivas. Já a Saturniidae, são ‘espinhudas’ e vivem em grupos, possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pinheiros verdes distribuídos no dorso da lagarta, não possuindo pelos sedosos. Nesta família se inclui o gênero Lonomia, de ampla distribuição em todo o País, causando acidentes graves, inclusive com mortes”, constatou o especialista da Embrapa.

Em caso de acidente, a recomendação é lavar o local afetado com água fria e sabão. Depois disso, é necessário procurar o auxílio de um médico.

“Dependendo da espécie de lagarta, pode ocorrer uma série de sintomas graves. As maiores ocorrências são com acidentes por Lonomia, devido às alterações na coagulação do sangue provocadas pelo seu veneno, podendo haver sangramentos e complicações como parada de funcionamento dos rins e hemorragias graves. A identificação da lagarta causadora do acidente é de grande importância para o diagnóstico”, explicou o pesquisador.

instruiu César.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Parque do Utinga bate recorde de visitantes em 2024 e projeta ações para a COP30 em Belém

Até o dia 13 de dezembro, mais de 470 mil pessoas passaram pela Unidade de Conservação (UC), superando em 40 mil o total registrado no mesmo período de 2023.

Leia também

Publicidade