Jacaré-açu. Foto: Sebastian Viczara
Os jacarés são animais muito conhecidos no Brasil, especialmente por habitarem rios, lagos e igarapés de regiões como a Amazônia e o Pantanal. Apesar de sua aparência imponente e do comportamento que inspira respeito, muitas pessoas ainda confundem o jacaré com o crocodilo, outro réptil semelhante, mas que pertence a um grupo diferente.
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Ambos são parentes próximos, mas eles apresentam características distintas que os diferenciam na aparência, no comportamento e até na forma como caçam e se alimentam, dependendo do habitat. Essas diferenças são resultado da evolução e da adaptação de cada espécie ao ambiente em que vivem no mundo todo.
O jacaré, no Brasil, pertence à família Alligatoridae (encontrados nas Américas), enquanto o crocodilo faz parte da família Crocodylidae (distribuído na África, Ásia, Américas e Austrália). Essa separação taxonômica já indica que, embora compartilhem um ancestral comum, seguiram caminhos evolutivos distintos ao longo de milhões de anos.
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No Brasil, todas as espécies encontradas são jacarés — o crocodilo não é nativo do país. Eles desempenham papel essencial nos ecossistemas aquáticos, controlando populações de peixes e outros animais, além de contribuírem para o equilíbrio ambiental.
Aparência e características físicas
Uma das formas mais simples de diferenciar os dois é observando o formato do focinho. O jacaré possui um focinho mais largo e arredondado, em forma de “U”, enquanto o crocodilo apresenta um focinho mais estreito e pontudo, semelhante a um “V”.
Essa diferença anatômica influencia a alimentação de cada espécie: os jacarés tendem a esmagar presas de casca dura, como tartarugas e caramujos, enquanto os crocodilos têm mordidas adaptadas para capturar peixes e mamíferos de porte médio.
Outro detalhe importante está nos dentes. Quando os que são encontrados no Brasil fecham a boca, apenas os dentes superiores ficam visíveis; já nos encontrados fora do país, os dentes da parte inferior também aparecem, criando a impressão de um sorriso “denteado”. Isso ocorre porque o maxilar inferior do crocodilo é mais largo e se ajusta de maneira diferente ao superior.
A coloração da pele também é um indicativo. O jacaré costuma ter uma tonalidade mais escura, variando entre o verde-oliva e o marrom, o que o ajuda a se camuflar em águas turvas e vegetações densas.
O crocodilo, por sua vez, apresenta uma coloração mais clara e esverdeada, ideal para ambientes de água salgada ou mista, onde costuma viver.
Distribuição e comportamento
Além disso, os jacarés preferem águas doces e calmas, como rios e lagoas, enquanto os crocodilos são encontrados tanto em água doce quanto salgada, podendo se adaptar melhor a diferentes tipos de ambientes. Essa característica faz com que crocodilos sejam mais amplamente distribuídos no mundo.
Os jacarés são amplamente distribuídos pela América do Sul e América do Norte. No Brasil, existem seis espécies conhecidas, sendo o jacaré-açu (Melanosuchus niger) o maior representante. Ele pode atingir até 6 metros de comprimento e é encontrado principalmente na Amazônia. Outras espécies, como o jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) e a jacaretinga (Caiman crocodilus), habitam áreas alagadas do Centro-Oeste e Sudeste.
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Os crocodilos, por outro lado, estão mais presentes em regiões tropicais da África, Ásia e Oceania. O maior deles é o crocodilo-de-água-salgada (Crocodylus porosus), que pode ultrapassar 7 metros de comprimento e é considerado o maior réptil vivo do planeta.
Comportamentalmente, os jacarés costumam ser menos agressivos que os crocodilos, embora ambos sejam predadores eficientes. Os encontrados no Brasil preferem caçar à noite e permanecer imóveis durante o dia, camuflados entre galhos e vegetação aquática. Já os de fora tendem a ser mais territoriais e reagem mais rapidamente diante de ameaças.
Importância ecológica e conservação
Ambos exercem papel fundamental na manutenção dos ecossistemas aquáticos. Eles controlam populações de peixes e outros animais, evitando desequilíbrios ambientais. Além disso, ao abrir trilhas e cavidades na lama, contribuem para a circulação da água e o crescimento de plantas aquáticas.
Apesar de sua importância ecológica, muitas espécies enfrentam ameaças devido à caça ilegal, destruição de habitat e poluição dos rios. No Brasil, o jacaré-açu esteve em risco de extinção nas décadas passadas por causa da extração de couro. Atualmente, programas de conservação e fiscalização ambiental têm ajudado a recuperar suas populações em várias regiões.
