As atividades foram coordenadas pela pesquisadora Hilda Chávez, do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
A proposta da visita foi apresentar informações sobre a espécie e envolver comunitários, em especial as crianças, em atividades lúdicas que alertassem sobre a importância da conservação do peixe-boi amazônico e o risco da caça.
Depois de uma conversa com as crianças da comunidade, uma gincana foi proposta, seguida por um teatro de fantoches onde a peixe-boi chamada de Fofa tem sua filhote, Pretinha, presa na malhadeira de um pescador. A história tem um final feliz quando o pescador decide libertar pretinha para que ela encontre sua mãe.
“Foi uma atividade muito importante e legal. As crianças gostaram muito das atividades e prestaram atenção. Muitas das crianças que participaram das práticas na parte da manhã também voltaram à tarde”, define Hilda.
A caça
O peixe-boi-amazônico é um dos cinco tipos de mamíferos aquáticos presentes na bacia amazônica, que também abriga os botos-cor-de-rosa, tucuxis, lontras e ariranhas. A espécie pode atingir três metros de comprimento e pesar 450 quilos.
Apesar de proibida desde 1967, a caça do peixe-boi amazônico é uma prática tradicional em áreas afastadas de centros urbanos da Amazônia. A carne é muito apreciada na região. Um estudo recente apontou que de janeiro de 2017 a abril de 2019 ocorreram pelo menos 95 eventos de caça à espécie nas reservas de desenvolvimento sustentável Mamirauá e Amanã, na região do Médio Solimões, na Amazônia Central.
O resultado foi obtido a partir de relatos de pescadores e agentes ambientais voluntários atuantes nas reservas. O número de animais mortos pode ser ainda maior, já que é provável que tenham ocorrido eventos de caça não declarados.
É comum que filhotes emalhados nas redes de pesca sejam utilizados para atrair a as fêmeas lactantes e quando os filhotes e fêmeas são retirados do ambiente, o ciclo reprodutivo da espécie é mais abalado e, consequentemente, o risco à espécie aumenta.
De acordo com Hilda, os relatos dos comunitários dos últimos dois anos podem indicar um crescimento populacional do peixe-boi-amazônico na área. “Em 2017 eles relatavam que era muito difícil encontrar, em 2018 já falavam que estava tendo mais peixe-boi e agora, em 2019, ainda mais”, diz.
A preocupação é que a maior quantidade de espécimes nos rios e lagos possam eventualmente implicar em um aumento da caça.
“A sensibilização é muito importante e mostrar o conhecimento da biologia, ecologia e distribuição do peixe-boi e adicionar isso ao conhecimento tradicional que eles já tem. Juntos o conhecimento tradicional e científico fazem com que a conservação da espécie seja mais efetiva”, afirma a pesquisadora.