Inpa e a Ampa farão nova soltura de peixes-bois do semi-cativeiro no Amazonas

Cinco dos quinze peixes-bois que vivem no semi-cativeiro, em Manacapuru (a 68 km de Manaus), dois jovens machos e três fêmeas, serão soltos na próxima quarta-feira (5), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus, em Beruri (a 173 km de Manaus, no Amazonas). A ação é realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), após o sucesso da primeira soltura dos peixes-bois à natureza, há um ano. A expedição retornará no sábado (8).
Cinco peixes-bois serão soltos na nova expedição. Foto: Divulgação/Inpa
O retorno dos peixes-bois para natureza é fruto de um trabalho de mais de quatro décadas de pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA). Os estudiosos aumentaram o conhecimento sobre a biologia dessa espécie endêmica da Amazônia e desenvolveram técnicas para tentar conservá-la.

Para fechar o ciclo (resgate, reabilitação e soltura), a reintrodução desse animal foi um desafio enfrentado pelos cientistas com a ajuda da Ampa, organização criada para fomentar as atividades para a preservação dos mamíferos aquáticos da região.

Os peixes-bois chegaram filhotes ao Inpa, todos vítimas da caça ilegal e captura em redes. Em 2008 e 2009, ocorreram as primeiras tentativas de reintrodução com a soltura de quatro machos adultos. Nestas primeiras tentativas, os animais tiveram dificuldades de readaptação à natureza. Nos anos seguintes, o Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia sofreu mudanças e criou-se uma importante etapa de semi-cativeiro, em um lago fechado de 13 hectares.

“Por se tratar de um projeto de longo prazo, as experiências e resultados acumulados até o momento são extremamente importantes para traçar as diretrizes de manejo e conservação dessa espécie vulnerável e endêmica da Amazônia”, diz Diogo Souza, biólogo e colaborador da Ampa. “A fase de pré-soltura (semi-cativeiro) revelou-se como requisito fundamental para auxiliar a readaptação gradual de peixes-bois da Amazônia criados em cativeiro às condições dos rios amazônicos”, acrescenta o biólogo.

Em 2016, quatro animais, que passaram por este ambiente, foram reintroduzidos na natureza, na RDS Piagaçu-Purus, em Beruri. Um ano após a soltura, os animais encontram-se adaptados a natureza, explorando os principais ambientes usados por peixes-bois selvagens.

Um dos cinco peixes-bois que serão soltos é a fêmea Anori. Ela chegou ao Inpa, em 2004, com cerca de dois meses de vida, vindo do município de Anori (distante da capital do Amazonas 195 quilômetros). Foi encontrada sozinha, magra e com alguns ferimentos superficiais, mas logo aceitou a mamadeira e todas as condições do cativeiro, reabilitando-se com sucesso.

Em 2012, Anori foi selecionada como uma das candidatas aptas para retornar à vida livre e por isso foi transferida para o semi-cativeiro, em Manacapuru. Hoje, está saudável e pronta para retornar à natureza. Segundo o biólogo, as atividades de reintrodução de espécies ameaçadas são complexas e necessitam de enorme esforço para que os animais obtenham o sucesso após o retorno para o ambiente natural.

“É esperado que a sociedade garanta a preservação do peixe-boi da Amazônia para que as próximas gerações desfrutem de um meio ambiente saudável e equilibrado, respeitando todas as formas de vida”, diz. “Estamos felizes por proporcionar a Anori e aos demais peixes-bois essa experiência. Ela lutou pela sobrevivência e merece voltar a viver livre nos rios da Amazônia”, reflete Souza.

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